O manicômio, de Michael Pate (2018)

Peço desculpas às e aos leitores da coluna pela ausência na semana passada. Por motivos pessoais não pude escrever. Retorno hoje e seguimos quinzenalmente.

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O manicômio, filme de 2018 dirigido por Michael David Pate, foi o primeiro terror/suspense que eu assisto em anos. Não por não gostar do gênero, embora deva admitir que são poucos os bons filmes. Achamos minha companheira e eu o longa no Youtube e vimos, mesmo dublado, que é ruim para quem não gosta, mas que até que cai bem nesse caso, em que os protagonistas são youtubers.

Este fato já nos alerta para uma coisa: a contemporaneidade do filme. Nada mais atual que youtubers, figuras do mundo da imagem, em que redes sociais são o simulacro de nossas vidas, e cujo representante maior essa lógica é o formato reality show, que em português, numa tradução livre, seria o sugestivo nome de “programa da realidade”.

O filme é de terror, baseado numa história real: há um manicômio abandonado próximo a Berlin, na Alemanha (o filme é alemão, diga-se de passagem), o Beelitz-Heilstätten, local que atendeu Hitler em algum momento de sua vida. A figura de Hitler, do nazismo, tão em voga hoje em dia por causa daqueles imbecis Monark e Kim Kataguiri, é um elemento simbólico importante, em que resida talvez uma metáfora que dá sentido ao filme.

Um grupo de adolescentes/jovens adultos youtubers vão a esse manicômio onde, dizem, existem assombrações. O filme é todo gravado simulando câmeras de celular, de um modo realista, podemos dizer, parecido com o que fez Atividade paranormal. Ao longo do filme acompanhamos o passeio virar pesadelo, numa construção narrativa clichê, como era de se esperar.

Ao fim, um plot twist meio ligeiro, mas interessante, e que tem a ver com o fato de ser baseado numa história real, que envolve um psicopata e chacinas. O longa tem aspectos simbólicos interessantes mais que sua própria forma fílmica, que deixa a desejar. Vale, contudo, dar uma olhada, já que é um filme que, penso, retrata de modo interessante nossa sociedade imagetizada, do simulacro da imagem e da perda da humanidade.

Rodrigo Mendes