As ruas do Bairro Mario Quintana, zona norte de Porto Alegre, foram tomadas pela comunidade na noite de terça-feira, 23 de outubro, um dia após o trágico desfecho do sequestro de Eduarda Herrera de Mello, nove anos, sequestrada no bairro Rubem Berta eque encontrada morta em Alvorada.
Faz algumas semanas que mensagens circulam em grupos de whats up de moradores dos bairros da zona norte e leste de Porto Alegre alertando sobre tentativas de sequestros, o que para maioria das pessoas não passava de boatos se tornou o pesadelo de Kendra Herrera, mãe de Eduarda que reconheceu o corpo da filha as margens do Rio Gravataí, Eduarda havia sido sequestrada em frente a sua casa quando brincava com seus rollers.
Na tarde da segunda feira uma grande manifestação foi realizada em frente ao Centro Vida na Av. Baltazar liderada por mulheres da comunidade que exigem justiça para Eduarda.
A comunidade historicamente negligenciada pelo poder publico e com um forte sentimento de que nada será feito passou a buscar o assassino, fotos de pessoas estão sendo divulgadas nos grupos das redes sociais da comunidade, alguns se dispõe a fazer justiça com as próprias mãos, duas pessoas que tiveram fotos divulgadas já gravaram vídeos afirmando que não são os culpados pela morte de Eduarda, um deles inclusive foi à Policia Civil prestar queixa contra os boatos que vem circulando sobre o seu envolvimento no crime, as mensagens que circulam afirmam ainda que a menina teria sido sacrificada em um ritual, por conta dessa hipótese pessoas praticantes de religião de matriz africana que não tem absolutamente ligação alguma com essa tragédia passam a viver sob ameaça de sofrer alguma violência no bairro.
Um suposto Salve Geral vindo de dentro do sistema penitenciário anunciou que as facções independente de suas disputas se uniram para garantir a segurança das crianças dos bairros periféricos da cidade, a mensagem gerou polêmica e foi criticada, mas a grande maioria dos moradores nas redes sociais enviou mensagens de apoio.
Em meio a essa comoção uma nova tentativa de sequestro aconteceu no Bairro Mario Quintana na tarde de terça, dia 22 de outubro, nas redes circulou a mensagem de que o sequestrador havia se escondido no matagal de um parque e não tardou para que muitas pessoas chegassem armadas de paus, pedras e facas para buscar o sequestrador que não foi encontrado.
Marcia Hab, mãe da criança que quase foi sequestrada, tentou fazer o Boletim de Ocorrência na delegacia da polícia Civil porem os policiais afirmaram que ela deveria buscar o DECA, foi o que bastou para uma multidão de moradores tomassem a frente da delegacia para exigir providências, o clima se acirrou e a policia respondeu com tiros, e esse foi o estopim para a noite de manifestações no Bairro Mario Quintana.
Ao cair da noite barricadas nas ruas começaram a ser erguidas, um ônibus foi tomado e atravessado em meio a uma avenida, a polícia de choque não tardou a chegar e respondeu com balas de borracha, bombas de gás, moradores relatam o uso de munição letal.
As comunidades da zona norte de Porto Alegre estão buscando justiça para Eduarda mas só encontram violência policial.