Por Aline Cadaviz – Resistência Popular Vale dos Sinos
No final da tarde de quarta-feira (06/02), o protesto solitário de um motorista de ônibus provocou a interrupção do serviço por quase uma hora.
Indignado com o pagamento de apenas 60% do salário, Gilberto de Castro, 61 anos, motorista da empresa Hamburguesa, atravessou o coletivo entre as pistas do corredor de ônibus, impedindo o fluxo dos veículos. Logo, os demais colegas se solidarizaram ao protesto de Castro, mantendo-se no corredor ao invés de pegarem as vias laterais.
Castro, representando a indignação de seus colegas, declarou ao Jornal NH: “Pagaram apenas 60% do nosso pagamento e ninguém está de acordo com isso. A gente trabalha os 30 dias e vai pagar as contas de que jeito? Além de o salário ser uma miséria, ainda o cara vai receber só 60%. Não tem condições de trabalhar assim. Por isso, tomei a atitude de parar e para dar uma mão aos colegas”.
Durante a paralisação, o clima era de tranquilidade entre os usuários do transporte. Nas redes sociais, a maioria da população apoiou a atitude corajosa de Castro, ressaltando que o elevado valor da tarifa (R$ 3,60) é incompatível com a precariedade da frota, a redução de horários e com o acúmulo da função de cobrador à de motorista.
O parcelamento de salários, já sofrido por setores do funcionalismo público, está se tornando prática corrente também na iniciativa privada. Com o argumento de dificuldades financeiras, empresas e governos cortam na carne do trabalhador, já tão castigado pelo aumento do custo de vida e pela reposição salarial muito abaixo da inflação.
Com a conivência do poder público, que há muito não revê os critérios de licitação do transporte coletivo, o cartel das empresas continua impondo tarifas e reajustes incoerentes ao serviços e condições de trabalho oferecidas.
Foto: Jornal NH
Fonte: Jornal NH (Protesto de motoristas de ônibus causam transtorno no trânsito do centro (06/02/2019); Após bloqueio no paradão, transporte público opera normalmente nesta quinta-feira (07/02/2019))