Setor de comunicação do Movimento de Organização de Base – RJ.
No dia 24 de fevereiro de 2020, segunda-feira, perdemos uma grande figura da luta social.
Antônio Louro foi um militante histórico em dois mundos. Em Portugal, seu país de origem, trabalhava desde seus treze anos de idade como operário na fábrica de armamentos Braço de Prata, onde a jornada chegava a 12 horas de trabalho. Ali, engajou-se na luta contra o avanço dos regimes fascistas europeus e se filiou ao Partido Comunista Português. Uma de suas ações era danificar os armamentos enviados por Salazar a Franco na Espanha, inclusive inserindo propaganda anti-franquista em plena Revolução Espanhola. Foi por duas vezes preso em Portugal, chegando a ser confinado no Forte Caxias. Exilado em Paris, Antonio Louro rompe com a linha estalinista do PCP, ao defender a autonomia dos movimentos populares de independência das colônias africanas.
Chegando ao Brasil em 1960, é preso assim que o golpe empresarial-militar de 1964 é instaurado, sendo acusado de ser um espião da Angola. Na ocasião, onde o estaleiro em que trabalhava foi invadido por fuzileiros, toda ação foi acompanhada por um agente da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), a polícia política da ditadura salazarista, que contribuiu com sua prisão e tortura. A colaboração entre ditaduras logo após o golpe desmascara que a implementação desses regimes foi previamente orquestrado, no que hoje chamamos de Plano Condor.
Passou mais de um mês sendo torturado pelo DOPS no Rio de Janeiro, ao lado do conhecido guerrilheiro Carlos Marighella. Depois, foi encaminhado para a prisão na Ilha das Cobras, onde chegou a encontrar-se com outra figura histórica, o infiltrado da CIA Cabo Anselmo. Com a abertura democrática, Antonio Louro recebeu a anistia política, sem nunca abandonar a luta social.
Louro seguiu lutando pelos direitos da classe trabalhadora, contra a venda da Petrobrás, pela libertação de presos políticos e participando ativamente da construção de movimentos populares. Entre estes, foi fundador da Frente Internacionalista dos Sem Teto (FIST), onde desenvolveu diversas atividades fundamentais para a defesa do direito à moradia. Foi homenageado recentemente quando uma das ocupações da FIST, no centro do Rio de Janeiro, foi nomeada como Antonio Louro.
Antonio Louro dedicou toda a sua vida à luta contra as injustiças e desigualdades e a defesa dos direitos dos trabalhadores. Sua memória permanecerá viva em nossas lutas e em nossos corações. Que a terra lhe seja leve, companheiro.
Antonio Louro: Presente! Presente! Presente!
Referências:
http://resistenciaverde.blogspot.com/2016/06/antonio-louro-90-anos.html
http://fistrj.blogspot.com/2020/02/24-de-fevereiro-de-2020-morre-o-heroi.html
