Foi mais um domingo em que o discurso da extrema-direita foi sufocado pelo povo na rua, em São Paulo. A manifestação teve a presença de diversos movimentos e pessoas de todas as regiões da Grande São Paulo, com pautas que convergiam para o antirracismo e a oposição à política de morte do governo Bolsonaro.
A manifestação foi mais ampla que no domingo anterior, com a presença de mais indivíduos e também de mais movimentos organizados. Estavam presentes movimento de moradia, do movimento negro, de coletivos contra a violência policial e o encarceramento em massa, antifascistas, torcidas organizadas, organizações políticas e mesmo artistas, como os rappers Mano Brown e Thaíde. O ato aconteceu no Largo da Batata, local alterado na sexta-feira, depois de o governo proibir manifestações concorrentes na Avenida Paulista.
Um boneco do presidente de cabeça para baixo fazia referência a Mussolini, morto pelos antifascistas italianos. Mas a grande potência entre as pautas foi o antirracismo: sob as palavras de ordem “Vidas Negras Importam” e “Nenhuma Vida Preta a Menos, os movimentos negros chamaram atenção para o genocídio racista brasileiro, e também para a luta internacional, com a revolta nos Estados Unidos e mundo afora pelo assassinato de George Floyd pela polícia de Mineápolis.
Outro destaque vai para a presença de entregadores de refeições, como motoboys e bikers, categorias de milhares de trabalhadores que vêm reivindicando melhores condições de trabalho das empresas de aplicativos, verdadeiros patrões que tentam disfarçar esse vínculo.
A intenção dos organizadores era dispersar no próprio Largo da Batata, mas parte dos manifestantes decidiu sair em passeata. O ato caminhava em direção à Avenida Paulista, mas em certa altura a PM barrou que os manifestantes seguissem. Com o impasse, decidiu-se encerrar o protesto, mas a violência do estado não deu trégua: policiais caçaram e agrediram manifestantes pelas ruas, e mais de dez pessoas foram detidas – todas liberadas durante a noite.
A demonstração desse domingo foi muito mais numerosa que o ato da extrema-direita, na Paulista: cerca de 30 pessoas com bandeiras do Brasil e faixas pedindo intervenção militar sob comando de Bolsonaro se juntaram na avenida. São cada vez menores e estão sendo superados por quem faz luta de verdade.