[Mato Grosso] 08 de outubro de 2013: ocupação da Arena Pantanal, luta e ação direta na conquista de direitos

Autonomia e luta – tendência sindical

 

No dia 08 de outubro de 2013, trabalhadores/as da Educação e dos correios junto a militantes antifascistas ocupam a Arena Pantanal para reivindicar melhores condições de trabalho, vida digna para o povo e denunciar os desvios bilionários de verbas para a sustentação das obras da Copa do Mundo de 2014.

Entre as principais pautas da educação, estava o pagamento da hora atividade para os professores contratados, que realizavam o mesmo trabalho que os efetivos, mas recebiam 33% a menos devido a esse não pagamento. A greve da Educação básica de 2013 foi construída a partir da pressão da base, que a manteve por 67 dias com combatividade e ação direta. A ocupação da Arena Pantanal foi uma dessas ações, garantida pela base, mesmo com a ausência da direção sindical, que optou por ato ameno. A pauta da hora atividade, há muito ignorada e rebaixada pela direção sindical do SINTEP/MT, foi uma conquista histórica para a categoria e só foi possível pelos enfrentamentos da greve de 2013.

 

Entre as principais pautas dos trabalhadores dos correios, estava a reivindicação pelo trabalho no turno matutino, uma vez que o sol escaldante das cidades mato-grossenses provoca diversos danos à saúde daqueles que trabalham em exposição direta. Os correios passavam por uma série de sucateamentos, orquestrados já com vistas à privatização que hoje é um perigo constante e avançou para diversos setores internos. Além da precarização projetada pelos poderes de cima, os/as trabalhadores/as enfrentavam retiradas de direitos e condições precárias de trabalho. A ocupação da Arena Pantanal compôs as diversas ações mobilizadas pelos/as trabalhadores/as dos correios e organizadas pelo SINTECT/MT, a partir de métodos mais combativos, fortalecendo a resistência e a luta por direitos trabalhistas.

Foto retirada do site Hipernotícias

Naquele 8 de outubro, a Arena Pantanal, ainda em fase de conclusão de suas obras, recebia a visita de um oficial francês da FIFA, do governador do estado na época, Silval Barbosa e outras autoridades. Taticamente, foi o momento perfeito para o Comitê Popular da Copa expor os danos e custos trazidos pela Copa de 2014, custos pagos pelo povo até hoje. Entre as reinvindicações estavam: educação, saúde, mobilidade urbana (tarifa zero), saneamento, creches… vida digna! Além de expor os gastos excessivos, enquanto o povo amargava a miséria, denunciava-se, também, a Lei geral da Copa, que colocava a Segurança Nacional nas ruas e previa a repressão e perseguição daqueles que se colocassem nas lutas sociais. A Lei Geral da Copa deixou seu legado para o aprimoramento dos mecanismos repressivos vindouros depois. O cenário era fortemente policialesco e repressivo.

9 anos após esse dia de luta, vemos a necessidade de reafirmar a força que as ruas e as ações diretas possuem frente aos ataques e ofensivas da extrema direita e dos de cima em geral. Enquanto direções sindicais pelegas apostavam e ainda apostam nas vias eleitoreiras, de conciliação com os de cima e de negociatas, a base, naquele momento, foi pra cima e protagonizou a conquista de direitos importantes para as categorias em luta, assim como para a classe trabalhadora em geral. Antifascistas mato-grossenses se colocaram na resistência e afirmaram que a única via que realmente garante a queda do fascismo é ação direta e povo organizado. No cenário atual, observamos muitos desses princípios serem rebaixados e esquecidos pela aposta na via eleitoral que anda, cada vez mais, impregnada de conciliações assustadoras com os de cima. No entanto, ainda mantemos vivas as centelhas e certeza de que as transformações sociais reais só podem ser garantidas pelas ruas e pelo povo forte e organizado. A história, seja a mais antiga, seja a mais recente, nos testemunha isso! Que a ocupação da Arena Pantanal seja a lembrança de que só a luta organizada e combativa muda a vida!

Autonomia e Luta, 08 de outubro de 2022