MAIS QUE UM JOGO | Raízes do antifascismo

O movimento Antifascista tem origem na década de 1920 na Itália e se opunha ao governo de Benito Mussolini. Uma das organizações militares d chefe de estado italiano era a Organizzazione per la Vigilanza e la Repressione dell’Antifascismo (Organização Pela Vigilância e Repressão ao Antifascismo), ou seja, tratava como inimigos e antifascistas qualquer um que se opusesse ao regime. Diversas organizações trabalhistas e sindicatos se organizaram na luta contra o fascismo, combatendo os Camisas Negras (agrupamento militar fascista) das mais variadas formas até que em agosto de 1921, o Partido Socialista Italiano assinou um tratado de não agressão com o partido fascista. Os insatisfeitos com esse desfecho fundaram o Partido Comunista Italiano, que atuou na ilegalidade em ações contra os fascistas. Além dos partidos, anarquistas, social democratas e liberais lutaram contra o regime autoritário na Itália. Muitos deles acabaram se exilando e ou fugindo para a América do Sul.

A abreviação Antifa remete a palavra germânica antifachismus, com o mesmo significado. Na Alemanha, durante a década seguinte, os antifascistas se organizavam para barrar a extrema-direita, que alem de ganhar cada vez mais votos nas eleições do país, também praticava atentados contra seus opositores, fossem eles sindicalistas ou membros de partidos de esquerda. Nesse contexto, o Partido Comunista alemão (KPD) e o social democrata (SPD) formaram a frente única contra o fascismo, apesar de manter as políticas de suas instituições separadas pelo fato de terem discursos distintos. Neste contexto, o KPD cria a Ação Antifascista, na qual trabalhadores se organizaram para derrotar o nazismo na Alemanha. Vale lembrar que o partido com maior numero de trabalhadores organizados era o SPD, apesar de muito se falar que nesta altura o mesmo já era completamente corrupto.

No pós-guerra, a esquerda alemã, que havia sofrido consideráveis perdas durante o nazismo, estava desorganizada e sem rumo. Porém, alguns grupos de trabalhadores fabris conseguiram manter em seus conjuntos habitacionais e fábricas algumas memórias e valores das suas crenças, fossem elas socialistas, comunistas ou anarquistas, baseadas nas orientações da Frente Única. Era dado a estes espaços o nome de comitês antifascistas. O clássico símbolo antifascista (com uma bandeira preta e outra vermelha juntas) remete a esta época e foi idealizado pelos designers Max Kleison e Max Gebhard, membros da associação de artistas visuais revolucionários.

Os grupos antifascistas foram formados basicamente por homens, a maioria sendo de mais idade, uma vez que 12 anos de educação nazista deixariam raízes nos mais jovens. As funções das antifas locais eram caçar criminosos nazistas e ex partidários de Hitler.

Infelizmente, o movimento Antifascista encontrou um solo infértil na Alemanha destruída pela guerra depois de 1945. A sociedade precisava de uma reconstrução e os antifascistas não eram vistos como uma via confiável para tal. Muito pela violência por eles vivida no momento, muito pela propaganda anticomunista aplicada nos últimos anos. Isso fez com que o movimento abrandasse e praticamente sumisse por muitas décadas, ressurgindo somente na década de 1980 com fortes influências do movimento autônomo. Suas práticas e necessidades eram agora um pouco diferentes, e servem como uma resposta também a reorganização da extrema direita alemã.

No Brasil também tivemos organizações antifascista e uma frente única, que nasce com o intuito de combater o Fascismo no Brasil, que tinha como principal expoente o Partido Integralista. Foi composta principalmente por membros do Partido Socialista Brasileiro PSB e da Liga Comunista, bem como imigrantes italianos antifascistas. A FUA, Frente Única Antifascista, não contava com participação direta de anarquistas e do Partido Comunista Brasileiro PCB, que somavam apenas em alguns atos. A FUA teve participação importantíssima na Batalha da Praça da Sé, enfrentamento que colocou as forças antifascistas contra os integralistas em conflito durante uma passeata organizada pela AIB, Ação integralista Brasileira. Esse momento é até hoje exemplo de luta contra o fascismo no Brasil, e resultou na morte de 3 integralistas, um antifascista e três membros da força policial.

Atualmente o movimento antifascista volta a ter maior visibilidade, se organizando de diversas novas formas para contrapor o avanço da extrema direita no Brasil.

Movimento Grêmio Antifascista