É justo e necessário que se faça o reconhecimento da louvável atitude do Sport Club Internacional, através da sua Diretoria de Inclusão Social, de abrir as portas do Ginásio Gigantinho à população em situação de rua no que provavelmente será o final de semana mais frio do ano. O reconhecimento também se estende às torcidas do Internacional, rotineiramente criminalizadas pela imprensa, que estão se engajando de maneira incisiva nessa ação de solidariedade, como também já fizeram em muitos outros momentos através de campanhas de doações e outras ações.
No entanto, a responsabilidade pela assistência e acompanhamento dessa população é do PODER PÚBLICO. O projeto que está sendo executado pelo governo Marchezan na Prefeitura de Porto Alegre é de DESMONTE das políticas públicas sobre o tema. Na semana passada, o único albergue que recebia famílias inteiras em Porto Alegre foi fechado e seus ocupantes fora encaminhados a outros serviços, com as famílias separadas, por conta dos atrasos sucessivos no pagamento do aluguel por parte da Prefeitura. Além disso, o único restaurante popular da cidade foi fechado. O local alimentava diariamente cerca de 600 pessoas, em sua maioria pessoas em situação de rua. A secretaria responsável pelo tema, além de apoiar e executar essa política nefasta, culpabiliza os servidores públicos pela situação que se encontram as pessoas em situação de rua na cidade. Como se o desmonte dos locais de atendimento e assistência não fosse suficiente, a Brigada Militar – com aval do executivo municipal e da secretaria em questão – rotineiramente expulsa as pessoas de baixo dos viadutos, inclusive nos dias frios do inverno gaúcho, confiscando os pertences que poderiam fornecer um mínimo conforto numa realidade tão dura. Após serem abrigados no Ginásio Gigantinho nesse final de semana, para onde essas pessoas irão?
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Paralelamente a esse quadro, Porto Alegre possui cerca de 48 mil imóveis abandonados, sendo 6 mil deles de propriedade do Estado. Segundo o último levantamento sobre o tema, 2115 adultos encontram-se em situação de rua em Porto Alegre. Com apenas uma pequena parcela desses imóveis públicos que hoje estão vazios seria possível prestar assistência de forma continua a essa população – e não seria necessário que essas pessoas dependessem somente da sorte e da solidariedade. Mas o projeto de Marchezan é oposto: está articulando a venda dos imóveis sem uso por debaixo dos panos.
Prefeito Marchezan e Secretária Nádia, não fujam de sua responsabilidade. A ação do Internacional e da sua torcida não nos fará esquecer da sua omissão com as pessoas em situação de rua!
Frente Inter Antifascista