MAIS QUE UM JOGO — Não acabou, tem de acabar!

Espaço de Opinião da Frente Inter Antifascista

Jenifer Cilene Gomes, 11 anos. Kauan Peixoto, 12 anos. Kauã Rozário, 11 anos. Kauê Ribeiro dos Santos, 12 anos. Ágatha Vitória Sales Félix, 8 anos. Essas são algumas das vítimas da política de extermínio de Wilson Witzel, governador do Rio de Janeiro. O governador, em uma entrevista durante as eleições para o governo do Estado, afirmou que em seu governo a polícia faria o correto. Em suas palavras, “vai mirar na cabecinha e… fogo! Para não ter erro”.

A Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) foi criada por D. João no início do século XIX. À época, a revolução haitiana e a possibilidade de independência do Haiti apavoravam a elite escravocrata brasileira. A função da polícia era, portanto, defender a propriedade privada da elite e das camadas dirigentes. Vale ressaltar, ainda, que o símbolo da PMERJ carrega um pé de açúcar, um pé de café, duas armas e a coroa imperial. A Polícia Militar do Rio de Janeiro não esconde o fato de desempenhar o papel de braço armado do Estado em defesa da propriedade e do poder.

O fundamento da segurança pública no Brasil é, hoje, a forma articulada de garantir o extermínio da população preta, pobre e periférica. Só no governo Witzel, o aumento no número de assassinatos causados pela política de extermínio do Estado foi de 23% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com o Observatório da Segurança Pública do Rio. O número de mortes em ações policiais também aumentou, atingindo a marca de 46%. Os estudos ainda apontam que o número de policiais mortos em serviço possui relação com as mortes causadas em confronto com a polícia. Por fim, o dado mais estarrecedor: a taxa de crianças baleadas na era Witzel aumentou em 80%. Esses são os índices de mortes anunciadas, que procuram sempre os mesmos corpos. Ainda sobre o governo Witzel, é possível ressaltar um último dado, que vai ao encontro dos citados anteriormente: o número de policiais militares que cometeram suicídio é maior do que o de mortos em ação, lembrando-nos que o policial, enquanto trabalhador, é a ferramenta de execuçao do Estado que trabalha para matar.Uma verdadeira máquina de extermínio de pobres e pretos, de indigenas, que não poupa ninguém, nem idade, nem nada, onde cada bala perdida busca preferencialmente corpos da juventude negra deste País.

As políticas repressivas utilizadas pelo Estado brasileiro, dirigido há mais de 300 anos por uma elite racista escravocrata, foram se desenvolvendo e se remodelando nesses séculos de colônia, império e república, mas a classe e a raça dos considerados inimigos sempre foi a mesma. Não podemos ser coniventes com as políticas assassinas do Estado. Não acabou, tem que acabar!

A Frente Inter Antifascista luta por uma arquibancada sem preconceito e pela liberdade para torcer e fazer festa. Além disso, luta pelos direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores. Nesse momento, soma-se a toda gente que luta pelo direito à VIDA. Que nossa energia nas arquibancadas possa servir também para lutar contra o genocídio da população negra.

Imagem: Rodrigo Yokota