MAIS QUE UM JOGO – Efeitos das torcidas antifascistas

Estamos presenciando uma retomada pelo interesse ao futebol por parte de pessoas que se entendem à esquerda no espectro político. Esse interesse renasce em um momento de polarização no esporte. Se em um lado temos a arenização dos estádios, em outro surgem e crescem as torcidas antifascistas ou com pautas progressistas em diversos clubes. Estas torcidas conseguem, além de combater e problematizar cânticos, faixas e atitudes machistas, racistas, homofóbicas (…) dentro do estádio, dialogar com outros grupos para coibir o preconceito – inclusive em torcidas rivais.

É um comportamento reaproxima torcedores que perderam o encanto no esporte e traz um novo gás à luta no futebol, que é um espaço político e de disputa de consciência há muito abandonado por diversos setores mais progressistas da nossa sociedade. O caminho inverso também acontece e frequentadores antigos dos estádios encontram neste estilo de torcer um espaço seguro para viver o ambiente do futebol, livre de atitudes discriminatórias.

Seja por segurança ou por um número ainda reduzido de adeptos, as torcidas antifascistas conduzem boa parte de suas atividades na internet. No entanto, o número de simpatizantes cresce bastante com o passar do tempo e diversos movimentos conseguem levar pautas políticas importantes para dentro dos estádios, bem como participar de movimentações políticas em suas cidades. Quando o segundo acontece, a recepção é ótima. Uma boa parcela das pessoas consegue acompanhar o trabalho feito e está de acordo com as pautas e a forma como são apresentadas.

Acreditamos que a forma como estes movimentos enxergam o futebol é extremamente benéfica. Alguns embates ideológicos estão sendo travados por conta dessa nova forma de torcer ainda tão nova no Brasil. Alguns clichês de estádio não estão mais sendo tratados como normalidade e estão sendo discutidos, e este atrito continuará até que os estádios sejam lugares mais seguros e inclusivos, para que todos possam torcer. Vale lembrar que as canchas são um reflexo de nossa sociedade, e portanto, a atuação e luta das torcidas antifascistas não termina nas arquibancadas.

Movimento Grêmio Antifascista