Final do ano de 2014, 13 de dezembro, um sábado de clima instável em Porto Alegre. No pátio do estádio Beira Rio um grito ecoava: O campeão voltou, ôôôô! Era como um mantra. O Clube havia reinaugurado seu estádio havia poucos meses. Uma negociação complicada que chegou a envolver a então Presidenta da República, pois seria uma das praças da Copa do Mundo. Uma semana antes o Colorado conseguia sua classificação direta à Taça Libertadores da América. Sábado dia 13 de dezembro era o dia das eleições. Marcelo Medeiros representava a situação, que apesar de muitas críticas, entregou um estádio novo em folha e o time classificado no maior torneio continental. Do outro lado estava Vitório Píffero, para quem era destinado o canto, o mantra da volta do campeão…Muita gente alertava para os riscos dessa eleição. Não poucas vezes se ouviu que a intenção do grupo que se lançava como favorito era de se locupletar às custas do Clube. Não adiantava falar, pois o mantra era mais forte. Não sem um tanto de razão. Píffero foi Vice Presidente de Futebol e Presidente do Inter nos anos mais vitoriosos. Havia um sentido no mantra, o que tornava mais difícil abrir os olhos do sócios sobre os perigos que rondavam essa candidatura e seu grupo de apoio. A vitória de Píffero foi muito grande, com mais de 70% dos votos a favor. Grande também foi o estrago que tal gestão causou. Goleada histórica em GreNal, após demissão esdrúxula do treinador, rebaixamento inédito, aumento da dívida do Clube, perda da credibilidade, imagem comprometida perante os amantes do futebol, entre outras. Tudo isso regado a muito favorecimento pessoal com uso de cartões corporativos e saques em dinheiro vivo. Isso é que sabemos. O que supomos não podemos escrever. Mas um dia se saberá. Nessa semana que finda uma parte dessa dívida começa a ser paga com o julgamento via Conselho Deliberativo onde o Presidente e mais 3 Vices foram tornados inelegíveis por 10 anos em qualquer entidade esportiva. Também foi aprovado que o Inter vai buscar na justiça o ressarcimento dos prejuízos causados. A exclusão do quadro social tramita na Comissão de Ética do Conselho e ainda há o Ministério Público, onde podem acontecer muitos outros desdobramentos.
Agora fazemos um corte para as eleições no país. Um candidato dito mito, que hipnotiza seus seguidores, os quais parecem surdos, cegos e infelizmente não mudos, nada enxergam de antidemocrático, nada ouvem de homofóbico e racista, nada leem de machista e fascista, e tudo repetem de chavões maniqueístas e violentos. Diferente de Píffero, tal candidato nada fez de importante nos 30 anos de vida política a não ser enriquecer o seu bolso e o de seus filhos. Minto, fez sim: espalhou ódio por onde esteve. Nós Colorados tivemos nossa temporada no inferno e conseguimos nos recuperar com grande dificuldade. Ainda estamos na luta! Será que o Brasil vai conseguir se erguer depois que o fascismo tomar conta das instituições (não que ele não esteja arraigado em uma série de agentes) pelo voto? Pelo ódio, pela cegueira e pela intolerância? Mais uma vez se ouve as vozes do passado, não chamando pelo campeão mas pelo torturador que se constrói de fake news.
A luta ainda não acabou, temos dois dias pra evitar o pior. Mas seja qual for o resultado, as forças populares vão precisar se organizar desde baixo, como sempre foi, para enfrentar esse passado que apresenta por vezes em notícias mentirosas nas moderníssimas redes sociais em celulares e computadores e também na rua, onde seu estrago ultrapassa o nível do emocional e mental e vai definitivamente na carne.
Frente Inter Antifascista