MAIS QUE UM JOGO – Como foi levantar uma bandeira LGBT na Arena do Grêmio

Bandeira LGBT estendida na Arena – apesar do preconceito de alguns torcedores (Foto: Manoel Petry, Tribuna 77)

Faz mais de um ano ousamos levantar uma bandeira LGBT na Arena do Grêmio. Naquela noite, enfrentamos o Avaí pelo Campeonato Brasileiro e, infelizmente, o placar da derrota de 2×0 foi o menor dos males. A palavra ousar é utilizada precisamente porque estamos no país que mais mata LGBTs no mundo: 1 a cada 19 horas. E justamente porque o estádio de futebol não é uma bolha imune do que acontece na sociedade, esta ainda é a pauta mais polêmica para ser abordada no estádio.

Naquela ocasião não foi possível assistir ao jogo. Desde que a bandeira foi levantada, inúmeros torcedores vieram se opor e “solicitar” a retirada da bandeira – entre aspas, porque a maioria das solicitações foram permeadas de um tom extremamente agressivo, transparecendo a profunda ofensa que a presença uma bandeira LGBT transmitia. Diversos foram os argumentos, ou tentativa de desenvolver um, que estavam por trás tentar legitimar a retirada da bandeira do “arco-íris” como era referida. O principal deles foi que “a Arena é lugar de Grêmio e não de politicagem” – incrivelmente, frases que ouvimos até hoje, mesmo que o movimento não apoie nenhum candidato. De todo modo, concordamos que a Arena é sim lugar de Grêmio! Entretanto, enquanto movimento antifascista, jamais perdemos de vista que o futebol não é um fenômeno isolado da sociedade e que ele está inserido dentro de um contexto social/histórico/político, refletindo as dinâmicas e preconceitos vivenciados diariamente. Especificamente para a população LGBT, dinâmicas que buscam invisibilizá-la, violentá-la e diminuí-la.

Naquela oportunidade, também ouvimos de um torcedor que “o Grêmio é lugar de homem que gosta de mulher”. Repudiamos esse pensamento e afirmamos que o Grêmio é da sua torcida, de uma torcida de mais de 8 milhões de gremistas espalhados pelo mundo. Do Grêmio da Coligay, da pioneira torcida gay que peitou a ditatura militar entre a segunda metade dos anos 1970 e a primeira metade dos anos 1980, e que foi abraçada pelo clube enquanto instituição – e até hoje é utilizada como forma de deboche por parte de outras torcidas. O Grêmio é da sua torcida e ela não é composta só de homem que gosta de mulher: é marcada pela diversidade! O Grêmio também é de homem que gosta de homem e de mulher que gosta de mulher. A população LGBT faz parte da nossa história e continuaremos buscando colorir cada vez mais a Arena. Afinal, nosso clube é de todas e de todos!

Movimento Grêmio Antifascista