Em um lugar dominado por blockbusters de qualidade duvidosa, surge Mad Max: Fury Road pra acabar de vez com seus “rivais”. George Miller dá uma aula aos diretores e roteiristas de filmes de ação atuais, mostrando que não é necessário frases de efeito, cortes a cada segundo e personagens clichês e caricatos para compor um grande filme de ação. (Vale a pena – e me incluo nessa – assistir à trilogia primeira do Mad Max para marcar as similitudes e diferenças).
O filme é genial quando, no primeiro ato, vemos uma sessão quase que ininterrupta de ação e, de repente, uma calmaria no meio do deserto. Após um breve período de tempo, retomamos a ação sem fim, insana em todos seus aspectos, e chegamos ao final extasiados, e ainda continuamos durante um tempo tamanho seu impacto no expectador. E essa construção, desconstrução e reconstrução da tensão/ação do filme são brilhantes e difíceis de ser executadas a fim de não prejudicar a narrativa.
Tom Hardy está bem como na maioria de sua filmografia, dividindo cena com a igualmente boa Charlize Theron, num filme equilibrado até nas questões sociais (não há distinções entre homens e mulheres em princípio, fato que foi comentado amplamente no seu lançamento).
A edição e mixagem de som acompanham o bom desenvolvimento do longa até nos momentos de silêncios, com pausas nos momentos certos (não é preciso trilha nos 120min de projeção) e com sons diegéticos (do ambiente no tempo da cena) ou não, incrementando às cenas de ação sequências memoráveis, como a luta entre os dois protagonistas, uma das melhores cenas do filme. Junto a isso, a fotografia com belos planos abertos, mostrando a dimensão de seus personagens em cena. Às vezes temos quase que virar a cabeça para contemplar todo plano, tamanha a dimensão proporcionada por Miller e seu diretor de fotografia.
Verossímil em vários pontos já que não vemos nenhum personagem dando saltos imensos, quase que voando e então chegando ao lugar desejado sem esforço, pelo contrário, a dificuldade é constante no filme, o que nos eleva a uma tensão enorme que só acalma no fim da projeção. Sem mortes superficiais ou que soassem caricatas, o filme mantém-se fiel ao que se propõe, fazendo deste, sem sombra de dúvida, um dos melhores filmes de ação do cinema contemporâneo.
PS: falando em filmes de ação, recomendamos o filme Invasão Zumbi, longa coreano que surpreendeu por tratar de tema hoje banal – zumbis – com uma qualidade interessante, dialogando com a opressão do capitalismo contemporâneo via metáfora.
Rodrigo Mendes