Da rádio A Voz do Morro
A situação de Rafael Braga Vieira, único ainda preso em 2013 no contexto das jornadas de junho e que teve um segundo pedido de Habeas Corpus negado no início de agosto, segue em debate. Campanhas de arrecadação financeira, atos públicos e panfletagens já foram organizadas a fim de conscientizar mais pessoas sobre o caso. Anderson Ribeiro, que se apresenta como Negô MC – e se intitula MC, e não somente rapper –, prepara uma nova forma de chamar atenção, um EP (gravação longa demais para ser lançada em single e curta demais para ser um disco comum). As gravações já estão acontecendo e o disco levará o nome da campanha Pela Liberdade de Rafael Braga e terá cinco faixas principais e quatro tracks bônus.
Anderson conta que, assim que conheceu o caso, pensou em trabalhar algo em suas músicas. Além disso, participou do festival organizado pela rádio comunitária A Voz do Morro, do Morro Santana, zona leste de Porto Alegre, que teve como objetivo discutir a prisão de Rafael Braga, o qual, segundo ele, alimentou ainda mais a ideia. O álbum será o primeiro solo de Anderson, que também integra o grupo Young Lions, junto com seu companheiro Rafal. Prestes a completar 20 anos, Anderson dedicou três a sua música, que tem influências de Reggae, Dub e Ragga.
Mas é do Rap, estilo mais presente em suas criações, que ele cita referências quando o assunto é reivindicação na música. “Eu vejo que em relaçao ao caso do Braga rolou uma conscientização agora, mano. Em questão ao encarceramento e o genocídio [da população negra], o rap está um tanto distante. Eu via isso mais em tempos de Racionais MC’s e Facção Central ou outros grupos da antiga”, conta ele, que colocará, no álbum, casos como o dos cinco jovens negros mortos pela Polícia Militar carioca em 2015 na Comunidade da Lagartixa, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Viver de música
A respeito das discussões recorrentes sobre artistas de rap que fazem shows caros em lugares fechados, Anderson não se aprofunda muito. “Poucos tem condição de colar em um evento caro, mas não acho errado da parte do artista pela dificuldade de viver dessa parada”, responde, revelando ainda que, para ele, “música é uma missão e seria um sonho viver dela”, mas que em um primeiro momento, quer usar seu trabalho para conscientizar as pessoas de problemas como o genocídio da população pobre e o racismo persistente no Brasil.