Na manhã deste sábado (21), ocorreu no Centro da cidade de Florianópolis a Marcha da Consciência Negra com cerca de 300 manifestantes. A convocação foi feita pela Frente da Juventude Negra Anticapitalista (Frejuna) e a Frente da Juventude Voz das Favelas.
O protesto foi convocado entre dois episódios que marcaram a política e a luta negra nos últimos dias no país: as ameaças de morte à vereadora negra eleita em Joinville, Ana Lúcia Martins, e a morte de Beto em Porto Alegre, espancado por dois seguranças brancos no supermercado Carrefour.
Além desses dois episódios de repercussão nacional, a Marcha da Consciência Negra de 2020 também deu centralidade ao tema da violência policial e genocídio do povo negro pela execução policial de Naninho, uma criança de 12 anos, moradora da Costeira do Pirajubaé. A morte aconteceu na quinta-feira da semana passada (12) e causou indignação na comunidade da Costeira, que realizou três protestos nos últimos dias. No ato que ocorreu na última sexta-feira (13), a Polícia Militar reprimiu violentamente os manifestantes com balas de borracha, gás de pimenta e ameaças verbais.
Com palavras de ordem com o nome de Naninho, o ato deste sábado passou em frente ao Morro do Mocotó, onde foram feitas falas em memória aos jovens mortos pela polícia neste ano, incluindo uma das mães que participou do ato. Em seguida, seguiu-se ao Largo da Alfândega, passando pela feira da praça e a rua Conselheiro Mafra, onde houve maior interação com a população.
A marcha de hoje expressou o luto, mas também a memória de resistência, coragem e a arte do povo negro. Dois momentos foram marcantes: o coro de “Canto das Três Raças”, puxado enquanto a manifestação estava esperando o auxílio a uma companheira que passou mal; e dentro do Terminal Velho, território das batalhas de rap, quando o povo cantou Djonga para gritar: “Fogo nos racistas!”. Uma sensação sensacional.
Ao final, o ato se reuniu em toda no Largo da Alfândega e o microfone foi aberto para falas e expressão artística, quando diversas pessoas trouxeram sua voz e sua poesia para a praça pública. Ao contrário do que dizem as elites e sua mídia, a memória do povo negro em Florianópolis existe e segue viva!