Com produção de alimentos consolidada, assentamento Luiz Beltrame, do MST, na cidade de Gália (SP), vive imbróglio jurídico e famílias correm risco de serem despejadas
fotos: Lucas Mendes/Jornal Dois
Em decisão recente, a turma julgadora do TRF-3 decretou a reintegração de posse do assentamento Luiz Beltrame, na cidade de Gália, no noroeste paulista, em um prazo de 120 dias para que o INCRA remova as famílias para outra área.
Com uma produção de alimentos orgânicos notória, que atende consumidores nas cidades de Bauru e Marília, o assentamento integra o Programa Nacional de Reforma Agrária, que recebeu investimentos públicos que vão desde a instalação com energia elétrica e um poço artesiano.
A decisão beneficia Jorge Ivan Cassaro, latifundiário e ex-prefeito de Jaú, que anteriormente era o dono das terras. Apoiador de Bolsonaro, Cassaro possui segundo as lideranças do movimento diversos latifúndios na região e com profundas relações no judiciário que lhe beneficiam.
Durante o processo, o INCRA não se manifestou em defesa das famílias assentadas, o que resultou na perda dos prazos do processo. O MST denunciou ainda a negligência e a irresponsabilidade no acompanhamento do processo por parte do INCRA e também a parcialidade da justiça, inclusive quando em certo momento a juíza substituta não descartou o uso de forças policiais para desocupação da área.