Após quase duas semanas do retorno do transporte público de Joinville, SC, já é possível fazer uma avaliação prévia dessa volta. O transporte foi retomado na cidade no dia 08, após o governador Moisés cedendo a pressão do empresariado decidir que esta e futuramente outras atividades como educação infantil poderiam retornar, numa decisão compartilhada entre o governo estadual, e prefeitos e secretários da saúde.
Basicamente deixou esta decisão nas mãos das prefeituras. Cada município avaliará a situação da Covid-19. As que tiverem uma situação menos grave, já podem retomar alguns serviços como o deslocamento de pessoas.
O transporte coletivo estava proibido desde o dia 18 de março através de decreto do governador.
VOLTA DOS ÔNIBUS E PROBLEMAS
Nesta segunda 15, eles voltaram a circular novamente em Blumenau, e no dia 17, também em Florianópolis.
A retomada segue todos os cuidados básicos como: uso obrigatório de máscaras; distanciamento; ventilação adequada; álcool em gel e outros. Em Floripa segundo o prefeito Gean Loureiro há forte fiscalização para manter os veículos com o estipulado de 40% da capacidade permitida lá durante a pandemia. Para ajudar afirmou que há três câmeras internas e uma externa que fiscalizam a quantidade de pessoas que entram em cada veículo.
Em Joinville, há relatos de linhas cheias; falta de distanciamento social e muitas vezes apenas 1 pote de álcool em gel. Não há comprovação de que há fiscalização dentro de cada veículo. A única medida efetivamente cumprida é não vender passagens embarcadas.
USUÁRIOS INFECTADOS E JUSTIFICATIVA
Não é apenas a preocupação de se manter com distanciamento e com álcool em gel dentro dos carros. Os usuários podem ficar ainda mais preocupados, pois segundo uma reportagem do site G1, em Joinville cerca de 10% das pessoas que usam esse meio de locomoção estão contaminadas pelo coronavírus. Ao menos 118 pessoas deram positivo para o vírus, a maioria porém, é assintomática. Os testes rápidos ocorreram durante cinco dias, em dez terminais da cidade.
Neste curto período de tempo mais de 100 pessoas já contraíram a Covid, o que demonstra que liberar o transporte é uma forma eficiente de disseminação da doença.
Estes dados também contradizem um comunicado que saiu dizendo que as empresas Gidion e Transtusa afirmam que estão cumprindo o limite de 60% da capacidade em cada carro. Pelas imagens acima é nítido que nem todos os bancos estão ocupados, porém isso não garante nenhuma segurança contra a doença.
Elas justificam dizendo que o espaço num ônibus urbano é composto de 30% de passageiros sentados e 70% em pé. Em um de tamanho padrão cabem até 85 pessoas, mas com o limite pela pandemia, poderiam transportar até 51 por vez. Mesmo com este número reduzido é impossível cumprir a norma de se manter 1,5 m distantes um do outro, pois não há espaço suficiente dentro dos veículos para ter esta distância segura. A imagem enviada pelas empresas comprova que não há como ter um distanciamento seguro entre todos no veículo.
SITUAÇÃO DO CORONAVÍRUS
Até o momento há registros de mais de 822 casos confirmados e 26 mortes na cidade. No estado são mais de 13 mil casos positivos e acima de 199 óbitos oficiais. Ressalta-se que aqui pode haver um número de casos dez vezes maior, isso dito pelo próprio secretário de saúde. Caso seja verdade, atualmente podem ter mais de 7000 pessoas com diagnóstico positivo. Não se pode ter certeza, pois foram coletadas pouco mais de 4 mil amostras para exames, sendo que a população passa dos 500 mil habitantes. No Brasil todo há cerca de 1 milhão de casos, e lamentáveis mais de 48 mil mortes.
SERVIDORES INFECTADOS
Joinville, tem mais de 210 servidores da saúde infectados. Um número bem alto. Além das testagens nos terminais centrais a secretária da saúde vai testar mais doze mil moradores, para ter dados mais atualizados da doença por aqui. Além disso, foram confirmados alguns casos de servidores do sistema prisional Joinvillense, o que abre a possibilidade de transmitir a Covid-19 para os detentos das unidades prisionais da cidade.
Outro dado preocupante é número de leitos de U.T.I no município dedicados à pandemia, atualmente estes chegaram a 49% de ocupação, um dado bem preocupante vendo que os casos só tendem a aumentar