Milhares de pessoas tomaram as ruas da cidade no 15 de maio

Com a presença de estudantes secundaristas, universitários, professores e sindicatos, manifestantes demonstraram que não estão dispostos a pagar pela crise. O anúncio do corte no orçamento da Educação no Brasil provocou manifestações no país inteiro. O “Tsunami da Educação” em Joinville foi de duas mil pessoas na Praça da Bandeira, no ato marcado para às 15 horas. Por volta das 16 horas, as pessoas percorreram as ruas do Centro da cidade. Segundo a Polícia Militar, foram 400 manifestantes, mas a PM aprendeu a contar com o Ministro Abraham Weintraub.

Na manifestação feita nas universidades Univille e Udesc, cerca de 750 estudantes foram no ato marcado para às 19 horas. A UFSC estima um rombo de R$ 46 milhões, enquanto o Instituto Federal de Santa Catarina anunciou o bloqueio de R$ 23,5 milhões. A luta contra a reforma da previdência social também estava em pauta.

Julia Beatriz, do grêmio estudantil da Escola Estadual Deputado Nagib Zattar, fez divulgação na escola junto com estudantes. Durante o dia, o grêmio estudantil Coletivo Livre pela Revolução puxou vários jograis pedindo a paralisação na escola, fizeram faixas pela manhã, depois aderiram às manifestações da cidade. Julia quer entrar em uma faculdade de Psicologia, mas disse que tentará em alguma faculdade particular por causa dos cortes nas universidades públicas.

Julia Beatriz é do grêmio Coletivo Livre pela Revolução, da Escola Estadual Nagib Zattar.

Como foi dito por uma aluna do IFC no carro de som, o estudante não leva só livros na mochila, ele também leva angústia. É o caso do Breno Almeida, 22, estudante de Engenharia Mecatrônica que veio de Governador Valadares, Minas Gerais, e está sem perspectiva de continuar estudando, a única alternativa é reivindicar o direito de aprender. O campus da UFSC Joinville teve uma programação cheia na manhã do dia 15, com rodas de conversa sobre o histórico do movimento estudantil, o que significa o corte e qual seria a solução.

 

Breno citou um grande projeto feito por estudantes e professores, provando que a universidade não é lugar de balbúrdia. Uma das atividades de pesquisa desenvolvida na UFSC é a construção de células solares. O equipamento converte a energia do sol em energia elétrica útil para ser utilizada em casa. É um tipo bem específico de células que são chamadas de “células solares sensibilizadas por corante”. Elas operam com a base da fotossíntese, que é o fenômeno básico para as plantas produzirem, entre várias coisas, oxigênio.

 

Se a bolsa do Breno acabar, ele não terá como garantir sustento. Teria que ir e voltar de Minas Gerais, mas não tem condições de gastar muito em viagens, vai gerar uma bola de neve na sua vida. Segundo o estudante, conseguir a vaga foi uma sensação inexplicável, a UFSC está entre as 10 melhores universidades do país. Segundo o “Times Higher Education”, a UFSC é a 14ª melhor universidade da América Latina.

 

Atualmente, pesquisadores se dedicam na construção de alguns componentes do dispositivo que permitam aumentar a geração de energia elétrica. Diversos artigos já foram publicados, apresentações em eventos científicos, sendo até premiados em alguns. Uma atividade oferecida é minicurso de construção desta célula com frutas e outros materiais caseiros como pasta de dente, lápis, café e iodo. Diego Duarte é professor na UFSC há 5 anos, Rafael Delatore trabalha na UFSC há 9 anos. Os dois professores são responsáveis pelo projeto de células solares com materiais orgânicos.

Uma das atividades de pesquisa desenvolvida na UFSC é a construção de células solares para gerar energia elétrica.

Jane Becker, diretora no Sinsej, é professora da rede pública há 18 anos. Em Joinville desde 2012, Jane disse que a previdência social é uma conquista da classe trabalhadora e deve ser defendida. Para a professora, a reforma da previdência é um retrocesso e é preciso lutar para manter os direitos.

 

Em Dallas, nos EUA, Jair Bolsonaro disse que manifestantes contra os cortes na educação são idiotas úteis e massa de manobra. O Centro Acadêmico de Física (CAFI) da Udesc e os Centros Acadêmicos de História e de Biologia (CALHEV e CABio) da Univille organizaram, na noite de segunda-feira (13), uma assembleia em que foi deliberada adesão à greve geral do dia 15. Durante a noite, na Univille e Udesc Joinville, 750 estudantes universitários demonstraram toda a revolta contra os cortes no orçamento.

 

Manifestantes das duas universidades entraram no Restaurante Universitário da Udesc em repúdio aos cortes.
Universitárias saindo da Udesc em direção ao estacionamento para o término do ato. Viva a pesquisa estudantil.