IX ELAOPA | Relatoria das comissões e deliberações

RELATORIA COMISSÃO EDUCAÇÃO

Por uma Educação Transformadora na construção do Poder Popular
 
No IX ELAOPA a Comissão de Educação, composta somente por brasileir@s, após a leitura do texto disparador e as resoluções do encontro anterior, adotou a seguinte estrutura de trabalho: iniciamos os trabalhos definindo 3 eixos temáticos que encaminharam as nossas discussões e proposições. Inicialmente foram eles: educação formal, educação popular e cursinhos pré-universitários. Com a dinâmica do trabalho, a partir dos relatos e depoimentos acerca das diferentes práticas e sujeitos, percebemos que houve consensos e dissensos sobre esta divisão temática. Estabeleceu-se, então, dois grandes eixos estruturadores desta discussão: educação formal e educação popular. 
A partir das resoluções do VIII ELAOPA, a saber, “1. Se reconhece a educação institucionalizada como mercadoria e uma preparação para o mercado; 2. Se colocou a precarização da educação e o fechamento de escolas de movimentos sociais.”, levantou-se questões sobre a conjuntura, a realidade vivida nas escolas brasileiras e pelos educadores em suas experiências concretas, tais como: a privatização e precarização disfarçadas do serviço público através das terceirizações e as parcerias público-privadas no sistema de educação. Constatou-se a dificuldade em enfrentar as políticas educacionais de um governo dito de esquerda, que age a partir da cooptação dos movimentos sociais e organizações de classe por intemédio de programas como o PROUNI, REUNI, Orçamento Participativo, Conselhos de Educação, etc. A ideologia do “melhorismo” mascara a precarização do trabalho de todos os envolvidos na educação, piora a qualidade do ensino ofertada a população trabalhadora e continua a sucatear os serviços públicos no Brasil. 
Neste sentido, é preciso denunciar a falta de democracia na escola, a perda de autonomia didática dos docentes, a informatização da educação como forma de controle, a lógica de fábrica aplicada a toda estrutura educacional e a perseguição por sistemáticos assédios morais. É preciso denunciar também a burocratização dos sindicatos e das organizações estudantis, bem como repensar o seu papel.
Sabe-se que o IIRSA, o PAC e os grandes eventos esportivos que acontecerão nesses próximos anos aprofundarão os problemas apontados acima. 
Com isso, propomos uma educação enquanto ferramenta de transformação social com o objetivo de construir o poder popular, tendo por base os seguintes princípios: autogestão educacional e pedagógica; ação direta; democracia direta; autonomia; classismo e solidariedade de classe; e formação integral dos sujeitos.
Por cada um desses princípios, entende-se:
  • autogestão educacional e pedagógica: entender o processo educativo como uma prática coletiva e horizontal, desde a gestão do espaço aos atos educativos e seus conteúdos propriamente ditos, envolvendo todos os sujeitos do processo, entre educadores, educadoras, educandos, educandas, trabalhadores e trabalhadoras das escolas, os movimentos sociais, além dos demais membros da comunidade escolar, entre pais, mães e demais responsáveis, com responsabilidades e poderes compartilhados.
  • ação direta: reconhecer a educação como uma ferramenta de emancipação, diálogo e intervenção direta na realidade daqueles que devem ser @s protagonistas de sua própria emancipação e formação intelectual, @s trabalhadores e trabalhadoras, @s sem terra, @s sem teto, quilombolas, indígenas, desempregados, enfim os próprios educandos e educandas, com o apoio de tod@s educadores e educadoras que compartilham a mesma perspectiva para educação.
  • democracia direta: queremos um processo pedagógico e espaços educacionais que auxiliem uma construção política desde abaixo, sem falsas representações, que se constituam como espaços de participação política d@s explorad@s, onde se formem indivíduos capazes de entender e intervir em suas realidades, que se organizam e se articulam politicamente para dar conta de suas demandas por instrução, cultura e conhecimento através de um federalismo que prevê a participação ampla no local de estudo e trabalho, além do mandato por delegação, para discussão e implementação de políticas que integrem regiões mais amplas.
  • autonomia: respeitar e desenvolver a capacidade de auto-determinação dos diversos sujeitos sociais da nossa classe envolvidos no processo educacional, sejam eles indivíduos, grupos ou movimentos organizados, educadores, educadoras, educandos ou educandas, que juntos lutam contra o capitalismo em nome de um novo projeto de sociedade, construindo práticas de educação e cultura que não dependem do estado, que não são atrelados as propostas partidárias, que independem da iniciativa privada, estando tão somente condicionadas pela nossa capacidade de trabalho e de estudo.
  • classismo e solidariedade de classe: somos e nos identificamos com a classe oprimida, a classe trabalhadora. Essa opção comprometida com a construção do poder popular ultrapassa as fronteiras dos estados nacionais, buscando articular a força dos trabalhadores de diferentes países e dos diversos setores de classe, no contexto local e internacional, tendo como objetivo a integração, cooperação e fortalecimento das lutas dos setores oprimidos da sociedade. 
  • formação integral dos sujeitos: superar a massificação e a mutilação da subjetividade e sensibilidade dos sujeitos, bem como a separação entre trabalho intelectual e braçal, respeitando os distintos saberes já construídos pelos diferentes atores de um processo educativo.
A partir desse projeto de educação, propomos os seguintes encaminhamentos para diferentes práticas educativas no contexto debatido no IX ELAOPA:
  • Repensar o papel dos sindicatos e organizações estudantis como espaços de luta autogestionados e educativos, que proporcionem, entre outras coisas, a instrumentalização de todos os segmentos envolvidos nos processos educativos e culturais, na utilização de meios legais que protejam a sua autonomia e os direitos sociais conquistados ante a burocracia sindical, estudantil e estatal.
  • Valorizar os projetos de extensão universitária que trabalham com educação popular. AMPLIAR PARA ALÉM DA EXTENSÃO
  • Criar um fórum de educador@s e educand@ que se proponha a aprofundar os debates e as articulações iniciados no IX ELAOPA, possibilitando, em médio prazo, que esta proposta de educação ganhe força e auxilie, nesse sentido, a um amplo processo de mudança social em nosso país e na América Latina.
  • Estimular a criação, manutenção e articulação dos espaços autônomos de educação dos movimentos sociais.
  • Trabalhar pela qualificação da educação pública formal, intervindo e rediscutindo conteúdos, formas de trabalho, as relações sociais e a infra-estrutura disponibilizada para a ampla massa da classe trabalhadora, que ainda hoje utiliza esse espaço para sua escolarização formal.
  • Lutar e denunciar o assédio moral entre todos e quaisquer segmentos da comunidade escolar, e também, os preconceitos sociais que tendem a fragmentar nossa identidade de classe e que, por conseqüência, instituem e legitimam as mais diferentes formas de dominação intra e entre classes.
  • Construir cartilhas, textos e materiais diversos que proporcionem o conhecimento da estrutura da educação formal, possibilitando assim, que enquanto trabalhadores, trabalhadoras ou educand@s, saibamos como atuar nesse espaço específico, fazendo avançar as lutas que tenham por objetivo a conquista e a consolidação dos direitos dos trabalhadores da educação e de toda comunidade escolar.
  • Construir e trocar materiais pedagógicos sobre os projetos e propostas burguesas que causam grandes impactos na vida d@s trabalhadores, tais como a ALCA, MERCOSUL, IIRSA, PAC, etc. 
  • Lutar contra todas as formas de precarização das relações de trabalho, para que não existam distinções entre os trabalhadores da educação, acabando com as diferenças salariais entre professor@s, pedagogos e funcionários, sejam eles estatutários, contratados ou profissionais com carteira assinada.
  • Se posicionar contra as contratações nos serviços de educação pública, priorizando a realização de concursos que visem proporcionar a esta rede um número devido de servidores capazes de melhorar o máximo possível a qualidade da educação oferecida à ampla massa de trabalhadores, e contra a privatização do serviço de educação, hoje implementada através do estado e de seus programas sociais como o PROUNI.
  • Resgatar o conceito e as práticas de Educação Popular enquanto instrumento de transformação, presentes na história de luta d@s explorad@s, a despeito da existência também, de projetos e programas burgueses que se auto-denominam por Educação Popular, mas que, na realidade, mascaram e aprofundam os problemas sociais acarretados pela sociedade e educação capitalista.
  • Priorizar as metodologias de Educação Popular como práticas que afrontam a educação burguesa formal, nunca se colocando como mera forma de apontar as fragilidades dessa modalidade de educação, mas sim, buscando construir a partir das demandas populares um processo de educação emancipatório.
  • Entender o processo educativo como ação direta voltada a potencializar as iniciativas de luta dos diferentes sujeitos sociais implicados na resistência ao capitalismo, sejam eles sem teto, sem terra, quilombolas, trabalhadores, desempregados, indígenas, etc, respeitando suas identidades específicas e incorporando-as as práticas e conteúdos dos espaços culturais e educacionais. 
OBSERVAÇÃO para @s compas da comissão: essa sistematização está sujeita a adendos, questionamentos e correções por parte de tod@s que participaram e contribuíram na Comissão de Educação do IX ELAOPA. Estou reenviando para tod@s hoje, 4 de fevereiro de 2011, afim de validarmos o texto após todas as observações necessárias.
Saúde, W. – associado do Núcleo de Alimentação e Saúde Germinal e professor de Sociologia
 

RELATORIA COMISSÃO DE GÊNERO, RAÇA E ETNIA

  • Nova nomenclatura pra Comissão: Sexualidade, Gênero, Raça, Etnia e Acessibilidade;
  • Grupos vulneráveis: Mulheres, pessoas com deficiência, crianças, homossexuais, outros. Pensar estratégias para que pessoas que se encontrem em situação de risco possam emitir aviso/alerta aos demais participantes/organização do evento (ex.: apitos);
  • Acessibilidade:
    • O próximo ELAOPA deve ter comissões de tradução simultânea durante os espaços de assembléia;
    • Que sejam esclarecidas formas de financiamento para incentivar a participação de movimentos ou organizações sem recursos econômicos;
  • Participação igualitária (mulheres/homens) na organização do encontro, nos espaços de plenária, discussões e atividades;
  • Criação de uma comissão específica de ciranda, tal como existe a de limpeza e alimentação;
  •  Deixar explicitado para pais e mães nas convocatórias que existirá uma comissão de apoio caso elas e eles queiram participar do encontro com os filhos;
  •  Que a organização crie uma programação infanto-juvenil a partir da faixa-etária das crianças e dos jovens inscritos;
  • Retirada de um calendário único de lutas locais, regionais, nacionais e continentais
  • Tirar uma data para comemoração dos 10 anos de luta contra o plano IIRSA;
  • Dificuldade de articular o IIRSA com a comissão de gênero, raça e etnia porque a relação é pouco explícita, por isso ressaltamos a importância da transversalidade deste tema em todas as comissões do encontro:
  • A comissão será mantida, porém com uma diferenciação de momentos: No primeiro dia propõe-se discussão conjunta das pautas, já no segundo dia haverão momentos distintos de encaminhamentos específicos para cada temática;
  • Que a discussão de Sexualidade, Gênero, Raça, Etnia e Acessibilidade seja marcada como pauta em todas as discussões, nos textos e nas questões disparadoras;
  • Que cada comissão tire encaminhamentos relacionados aos temas das comissões;
  • Proposta interna à comissão: Integrar no texto disparador a questão da parentalidade (mono, homo, etc.).

RELATORIA COMISSÃO SINDICAL

O ELAOPA a partir do intercâmbio e coordenação de militantes e organizações sindicais, ao longo dos anos vem consolidando uma série de princípios e métodos que formam parte de uma concepção sindical. Estamos cientes de que a construção de uma perspectiva e orientação classista no meio sindical não depende dos bons discursos somente. Sendo assim, há um conjunto de práticas que afirmamos e levamos adiante no desenvolvimento do sindicalismo:
        – Democracia de base: a partir dela entendemos que deve haver a maior participação nas organizações e nas lutas que levamos adiante. Assim como a luta deve ser travada com a participação de todos, entre todos também devem ocorrer as decisões. A discussão coletiva também compõe a formação coletiva, e isso se opõe a existência de dirigentes iluminados de um lado e a massa ignorante de outro. Em síntese, a democracia de base implica na igualdade entre todos e no compromisso coletivo.
        – Ação Direta: significa a busca constante em gerar o maior protagonismo dos trabalhadores na construção e no desenvolvimento das organizações sindicais, assim como nas suas lutas. Ação Direta é a participação direta nas decisões e ao mesmo tempo a execução das atividades militantes sem intermediários.
        – Independência de Classe: as organizações sindicais devem se desenvolver sem a tutela do Estado, de governos, de partidos ou das classes dominantes. O fortalecimento das organizações de base e o protagonismo popular devem dar-se independentes do governo ou das eleições burguesas.
       – Solidariedade de Classe: muitas vezes corremos o risco de ficarmos isolados ou enfraquecidos pelas lutas específicas ou coorporativas. Porém, as tarefas permanentes que desenvolvemos são o que definem nossa prática e discurso, sendo assim a melhor forma de propaganda de nossa posição. Não devemos ficar somente na interna do sindicato onde atuamos. É fundamental a união das diferentes lutas isoladas ou dispersas. Isso não significa apenas ter mais força nos conflitos, mas também é um princípio que deve estar sempre presente como orientador de nossas práticas. Em resumo, são as práticas sindicais articuladas com um conjunto de idéias que permitem romper com o corporativismo e a burocracia.
        Outro tema que tem nos acompanhado na construção de uma concepção sindical é a política sindical. Entendemos como ponto de partida que o sindicalismo deve as massas, o conjunto de trabalhadores. Por isso a importância de atender aos problemas reivindicativos e oferecer alternativas concretas. Porém, para uma ação sindical com perspectiva revolucionária o fim não pode estar nas reivindicações imediatas e nem podemos nos conformar com os limites que o sindicato nos impõe.
         
Temas para o debate:
        – Análise de Conjuntura e panorama sindical de cada realidade
        – Como romper e superar a fragmentação dos trabalhadores e também do movimento sindical em distintas correntes, agrupações e centrais sindicais?
        – Como cada organização compreende o trabalho em unidade?
        – Quais as propostas de articulação latino-americana que envolvem a luta contra o plano IIRSA e a solidariedade de classe?
         
Foi muito debatido o tema de como construir a unidade. Deu-se destaque sobre a importância do método para se chegar aos fins: construção desde a base, levar na prática aquilo que se propõe e considerar as especificidades de cada região. O grupo de discussão sindical foi composto por uma diversidade de categorias e agrupação sindicais de distintas matizes (Ex. Brasil: Conlutas, Intersindical, Independentes, Resistência Popular, Alternativa Sindical Socialista, Movimento Revolucionário). Isso proporcionou um debate com opiniões bastante heterogêneas. Apesar da diversidade e diferenças, chegou-se a um consenso de que o sindicalismo é essencialmente prático, e é na atuação cotidiana que vão se avançado e aproximando as diferenças.
A independência de classe tem uma importância fundamental na luta contra os governos e os patrões num cenário latino-americano em que grande parte do movimento sindical está burocratizado e atrelado ao inimigo de classe. Entendemos a necessidade de construção de um programa mínimo anticapitalista e antiimperialista com um controle dos trabalhadores sobre os sindicatos sem que exista o distanciamento entre base e direção.
         
Encaminhamentos:

  1. Realizar o encontro latino-americano (ELAOPA) a cada dois anos, intercalado com encontros em cada país. Realizar no Brasil encontros por regiões.
  2. Trabalhar em nível sindical todo este ano e o próximo para gerar unidade de base nas ações com todos e todas aqueles (as) que lutam e comungam um projeto de construção sindical diferente do hegemônico.
  3. Manter contato permanente através da lista de e-mails, socializando-a.
  4. Trabalhar para aproximar o movimento sindical dos movimentos sociais (trabalhadores precarizados, desempregados, sem-teto, camponeses e outros).
  5. Tomar as datas das reuniões do Plano IIRSA como datas de mobilizações nos lugares onde se realizam.
  6. Trabalhar a informação e divulgação sobre as conseqüências do IIRSA e organizar uma campanha permanente, similar as mobilizações contra a ALCA.
  7. Fortalecer a luta dos trabalhadores dos correios, pois a comunicação é um setor estratégico para derrotar o IIRSA e é onde os trabalhadores já estão sofrendo as conseqüências.
  8. Fortalecer a luta contra as privatizações e defender que os bens naturais sejam do nosso povo e não das multinacionais nem do capitalismo neoliberal. Precisamos conscientizar a todos que os lucros do petróleo que é altamente poluente para a natureza, sejam no mínimo, usados para minorar este efeito e trazer benefícios estruturais para o povo brasileiro e também latino americano. Fortalecer no Brasil a campanha do PETRÓLEO TEM QUE SER NOSSO e lutar contra os leilões do petróleo.
ARRIBA LOS QUE LUCHAN!
NÃO TÁ MORTO QUEM PELEIA!

RELATORIA COMISSÃO QUESTÃO AGRÁRIA E ECOLOGIA

Cenário
Nós, das organizações participantes da Comissão de Questão Agrária e Ecológica, entendemos que, principalmente nas duas últimas décadas, o problema do latifúndio na América Latina se transformou. Hoje, com a consolidação do agronegócio como modelo de exploração do solo, o inimigo central não é mais unicamente o grande proprietário de terra. O uso predatório da terra, i.e, o agronegócio, resulta de uma articulação entre latifundiário, capital internacional e os Estados. 
Além disso, compreendemos que esse modelo tem se intensificado com a implementação do plano IIRSA, que vem desempenhando, sobretudo mediante o estabelecimento de corredores internacionais para o escoamento dos produtos agrícolas do agronegócio e dos nossos recursos naturais, o papel de maximizar o abastecimento do mercado internacional. 
Também foi consenso entre as organizações que os Estados, além serem agentes econômicos e protetores/legitimadores desse modelo, têm, na última década, aumentado consideravelmente a violência contra a resistência dos movimentos sociais do campo. Haja vista, no caso do Brasil, a campanha sistemática de criminalização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o maior e um dos mais combativos entre os movimentos campesinos no mundo. 
Como resultado de tudo isso, vemos mais concentração da terra nas mãos de transnacionais e grandes proprietários e aumento das desigualdades sociais no campo e, consequentemente, nas cidades. 
Contudo, embora a concentração de terra não tem parado de aumentar, provocando mais miséria, êxodo rural, destruição do modo de vida de comunidades locais, destruição das biodiversidades regionais, monopólio de transnacionais sobre sementes, envenenamento do solo e da água, etc., o fato é que a resistência e combatividade no campo na última década decaiu significativamente. Uma causa central desse arrefecimento da luta de classes no campo, concluímos na comissão, tem sido a intensificação da exploração e dominação dos trabalhadores rurais a partir do assistencialismo estatal e do assalariamento (como o trabalho em usinas de cana de açúcar), que garantem o mínimo necessário para a sobrevivência do trabalhador rural. 
Em face dessa nova conjuntura, compreendemos ser necessária, na luta pela terra, a formulação, por parte dos movimentos sociais no campo, de novas estratégicas e táticas de enfrentamento desse modelo de exploração do trabalho e da terra. Por exemplo, no caso de estados brasileiros como o Mato Grosso do Sul, onde o agronegócio está mais consolidado e desenvolvido: monocultura, com tecnologia de ponta, interligada com grandes usinas de cana-de-açucar para a produção de etanol. Nessas regiões, a maioria dos trabalhadores rurais que nelas permanecem estão empregados nessas usinas, fenômeno que alguns companheiros identificaram como um processo de proletarização do camponês. Por essa razão, talvez a melhor forma de construção de combatividade nessas regiões seja por meio da sindicalização dos trabalhadores. 
         
Propostas
Tendo em mente que as organizações que participaram da comissão variam muito no peso social que possuem, que não podemos perder de vista nossas limitações atuais e não fazer falsas imagens na força do ELAOPA, tiramos poucos, mas por hora lúcidos encaminhamentos de possibilidades de atuação. São eles:
  • Criar redes solidárias com demandas e frutos;
  • Realizar eventos e mobilizações coordenadas em datas de reuniões do IIRSA;
  • Relacionar questões conflitantes nas localidades onde atuamos com o modelo de desenvolvimento intensificado com o IIRSA;
  • Associar-se no esforço de mobilizar ações que tenham por alvo operadores centrais do IIRSA, como, no caso do Brasil, o BNDES e o PAC;
  • E como proposta para o ELAOPA, criar uma cartilha a ser distribuídas entre os movimentos nos quais atuamos e dos quais fazemos parte, com o intuito de (1) divulga nossos princípios de autonomia, democracia direta, horizontalidade, de construção de poder popular, etc., e (2) informar os movimentos sociais sobre o que é o IIRSA e seu impacto sobre o aumento das desigualdades sociais e perda dos recursos naturais nos países que participam dessa integração econômica.
É o próprio povo, os famintos, 
são os deserdados os que tem de abolir a miséria.
Ricardo Flores Magón 

RELATORIA COMISSÃO COMUNITÁRIA/BARRIAL (Pt/Cast)         

Durante o IX Elaopa, a Comissão Comunitária/Barrial se reuniu durante 2 dias de intensos debates, solidários com as demandas das organizações populares autônomas e mais de 50 representantes presentes.
A comissão começou com a leitura do texto disparador, previamente elaborado, e optou-se por seguir as perguntas sugeridas como eixos dos debates. Sendo estas:
  • Como articular ao longo do ano as diversas organizações da América Latina, inclusive as que não estão participando do Elaopa?
  • Como nossas experiências nos países da América Latina, ainda que com uma diferença aparente, podem se articular para resistir?
  • Qual deve ser a nossa participação nos mecanismos institucionais?
  • Ação direta, manifestações e solidariedade à outras lutas;
  • Como agir perante as contradições?
  • Pensar em mecanismos para pôr em prática nossas resoluções acumuladas: integração, consciência de solidariedade em nossos bairros e comunidades, diálogo como ferramenta, estratégias coordenadas para trabalhar as múltiplas dificuldades (desemprego, droga, desnutrição, etc), pensar mecanismos de formação e propaganda entre nossos vizinhos e companheiros utilizando uma linguagem compreensível,
  • Como articular as pautas que circulam entre as outras comissões, sendo que tod@s participamos das mesmas lutas?
Após a leitura, companheir@s do Uruguai, que sediaram o VIII Elaopa, fizeram uma breve avaliação e resumo para @s nov@s companheir@s que estavam participando. A discussão e a partilha comissão tranversalizaram pelos seguintes pontos:
  • Reconhecimento em fortificar e compartilhar experiências entre os diferentes coletivos e organizações, assim como a reafirmação com outras lutas populares;
  • Organizar estratégias de articulação entre as organizações, tanto em nível local como regional. Neste sentido, parte-se do Plano IRSA como eixo que atravessa todas lutas da vida comunitária;
  • Criação de mecanismos de investigação, propaganda e denúncia dos diferentes projetos e impactos que o IRSA está desenvolvendo nas diferentes escalas de nossa inserção;
  • Reflexão conjunta sobre as implicações dos Megaeventos (Olimpíadas e Copa do Mundo), que ocorrerão no Brasil, e seus impactos para os movimentos sociais. Se observou que é necessário criar novas frentes de luta que combatam este inimigo. 
  • Utilização e incentivo de atividades culturais e recreativas como mecanismo de resgate comunitário, de costumes próprios para fim de afirmar as diferentes identidades locais e criar um ambiente de pertencimento e formação. Neste momento, se colocaram muitos relatos de experiências positivas com a prática de futebol, medicamentos e ervas nativas, danças típicas, historiografia social, etc…
  • Reafirmar que nossa escala de atuação deve partir do trabalho com a base popular através dos princípios de solidariedade, autogestão e autonomia. Todos estes princípios já firmados para a construção do Poder Popular;
Após os debates, foram colocadas as seguintes propostas aprovadas em plenária final:
  • Estimular a criação da cartografia social de nossos movimentos e atuação em escala local como instrumento para fortificar a identidade e pertencimento por parte dos moradores e coletivos sociais;
  • Criar um centro de documentação que reúna informações e materiais elaborados sobre o Plano IRSA, assim como demandas locais;
  • Compartilhar metodologias que ajudem nossas práticas. Para isso, será enviado, primeiramente, um e-mail para tod@s os companheiros participantes do IX Elaopa para encaminharem seus relatos e experiências. Esse intercâmbio será através do sítio eletrônico do Elaopa, onde estas práticas estarão disponíveis, e através da construção de Cartilhas de Informação a serem divulgadas no sítio eletrônico do Elaopa;
  • Unir esforços com o Grupo de Trabalho sobre Megaeventos e criar um grupo de que se comprometa, para o próximo Elaopa, a denunciar os impactos da Copa do Mundo, a debater o tipo de mídia, com o intuito de forjar a solidariedade global;
  •  Somar ao calendário do Elaopa as datas de reuniões do IRSA em 2011. Procurando realizar ações ou manifestações em cada uma destas reuniões.
  • Transformar o Elaopa em um encontro bianual. Se considerou muito positivo o desenvolvimento e a consolidação desta ferramenta a nível regional, propondo-se, assim, em começar a partir do ano que vem, tentar fortalecer esta ferramenta dentro do marco de nossos países através de Elaopa’s locais que se intercalem com Elaopa’s latinoamericanos. Neste sentido, se propõe que cada país realize seu encontro em 2012 e, em 2013, volte a ser um encontro latinoamericano.
Viva o Elaopa!
Arriba l@s que luchan!!!!
        —————–
         
Relatoría de la Comisión Comunitária/Barrial.
Durante el IX ELAOPA la Comisión Cominitária/Barrial se reunió durante dos días de intensos debates, solidarios con las demandas de las organizaciones populares autónomas, las cuales contaron con más de 50 representantes. La Comisión comenzó dando lectura al texto disparador previamente elaborado por la Organización del ELAOPA y se optó por utilizar las preguntas sugeridas como ejes del debate. Las mismas fueron las siguientes: 
        -¿Cómo articular a lo largo del año a las diversas organizaciones de América Latina que no están participando en el ELAOPA?
        -¿Cómo las experiencias de nuestros países de América Latina, aún con diferencias aparentes, pueden articularse para resistir?
        -¿Cuál debe ser nuestra participación en los mecanismos institucionales?
        -Acción directa, manifestaciones y solidaridad con otras luchas
        -¿Cómo hacer patentes las contradicciones?
        -Pensar en mecanismos para poner en práctica nuestras resoluciones acumuladas: integración, estímulo a una conciencia de solidaridad en nuestros barrios y comunidades, organizar estrategias coordinadas para trabajar las múltiples dificultades (desempleo, droga, desnutrición, etc), pensar mecanismos de formación y propaganda entre nuestros vecinos y compañeros utilizando un lenguaje comprensible.
        -¿Cómo articular las pautas que circulan entre las demás comisiones, siendo que tod@s participamos de las mismas luchas?
        Después de la lectura, los compañer@s de Uruguay -lugar donde se realizó el IIIV ELAOPA- hicieron una breve evaluación y resumen para l@s nuev@s compañer@s que estaban participando.
        La discusión de la Comisión recorrió los siguientes puntos:
  •                         Reconocimiento de la necesidad de fortalecer y compartir experiencias entre los diferentes colectivos y organizaciones así como también afirmación de solidaridad con otras luchas populares.
  •                         Organización de estrategias de articulación entre nuestros movimientos tanto a nivel local como también regional. Dicha articulación puede tener como eje el Plan IIRSA ya que atraviesa todos los ámbitos de la vida de la comunidad.
  •                         Creación de mecanismos de investigación, propaganda y denuncia de los diferentes proyectos e impactos que el IIRSA está desarrollando en las diversas escalas de nuestra inserción (barrial, sindical, etc)
  •                         Reflexión conjunta acerca de lo que implican los Megaeventos (Olimpíadas, Mundial) a desarrollar en Brasil próximamente para los movimientos sociales y para la vida cotidiana de este país. Se observa la necesidad de crear nuevos frentes de lucha que combatan los nuevos ejes del enemigo.
  •                         Utilización e incentivo de actividades culturales y recreativas como mecanismo de rescate comunitario de las costumbres propias de nuestros colectivos sociales, con el fin de afirmar las diferentes identidades locales y crear un ambiente o sentido de pertenencia. Esta idea parte de los diversos relatos que se realizaron acerca de experiencias positivas con la práctica del futbol, medicamentos y yerbas nativas, danzas típicas, historiografía social, etc.
  •                         Reafirmamos que nuestra escala de actuación debe partir del trabajo con la base popular a través de los principios de solidaridad, autogestión, autonomía, etc. Todos ellos, principios construidos y confirmados en el ELAOPA con el objetivo de crear Poder Popular.
        Después del debate fueron elaboradas las siguientes propuestas aprobadas luego en el Plenario final:
  •                         Estimular la creación de cartografía social de nuestros movimientos a escala local como instrumento para crear identidad y pertenencia por parte de los colectivos sociales.
  •                         Crear un centro de documentación que reúna información y material elaborado tanto sobre IIRSA, como de demandas locales.
  •                         Compartir metodologías que ayuden a nuestras prácticas. Para ello será enviado un mail para l@s participantes del ELAOPA para que compartan sus relatos y experiencias. Ese intercambio será a través del sitio electrónico del ELAOPA, donde estas prácticas estarán disponibles; también a través de Cartillas de información que serán divulgadas en la misma página.
  •                         Unir esfuerzos con el grupo de Megaeventos y crear un comité que se comprometa para el próximo ELAOPA a denunciar los impactos de la Copa del Mundo, discutir medidas y al mismo tiempo, crear situaciones de solidaridad global.
  •                         Sumar al calendario del ELAOPA las fechas de reuniones del IIRSA en el 2011. La idea es intentar realizar acciones o manifestaciones de protesta en cada una de dichas reuniones.
  •                         Transformar el ELAOPA en un encuentro bianual. Se consideró como muy positivo el desarrollo y la consolidación de esta herramienta a nivel regional y se propuso comenzar desde el año que viene a intentar fortalecer esta herramienta dentro del marco de nuestros países a través de ELAOPAs locales que se intercalarían con los ELAOPAs latinoamericanos. Se propone entonces que hacia el año 2011 cada uno de los países que participantes realice un ELAOPA dentro del marco de sus países y hacia el 2012 se vuelva a reunir el ELAOPA latinoamericano.
        Arriba el ELAOPA!
        Arriba l@s que luchan!

RELATORIA COMISSÃO MURALISTA         

Dentro deste eixo, propomos: organizar um discurso e ações que toquem nos fundamentos relativos a liberdade de expressão artística ligada a uma solidariedade de classe. Assim sendo: como Como fortalecer ações de solidariedade?(ações estas que já esboçamos algo) Quais são as concepções de arte rua/callejera? 
Logo, percebemos, pelo menos dentro da linguagem visual que nos propomos executar, duas formas de manifestar a nossa voz. O Muralismo e a Intervenção.
         
O Muralismo
Primeiramente, o mural é uma arte de intenção revolucionária e que foi criada para servir as lutas e necessidaes políticas e sociais, e é, portanto, uma arte e uma ferramenta do povo em luta. 
Sua elaboração traz uma mensagem com elementos simplificados e comuns ao ambiente que está sendo pintado. É uma pintura de fácil codificação e construtor de significados, tem um tempo pedagógico distinto e carece de díálogo para a sua elaboração e execução. Como acumulo de debates anteriores, reafirmamos uma estética particular com cores, formas e enunciados, reincidentes nos distintos coletivos alinhados com esta proposta. Ex.: As cores vermelha, branca e preta, alem dos traços simplificados e a firma “Pintar e Lutar” como consigna comum nos murais. Quando elaboramos um mural temos a preocupação em garantir o diálogo e da construção coletiva com os sujeito envolvidos na temática da pintura que está em gestação. Considerando este conjunto e reflexões, marcamos estética e políticamente um mural classista, solidário, autônomo e popular.
         
A Intervenção
A intervenção é a forma pedagógica de assalto, da surpresa, da provocação, capaz de desacomodar os sujeitos e/ou alvos oponentes aos nossos interesses. A proposta de reflexão sobre a intervenção artística exige um deslocamento de concepção, ou seja, que se repense o lugar da arte na sociedade e a posse sobre a execução artística. A intervenção é de caráter imperativo sendo assim não pergunta se pode o não ser executada, nos interessa mais o conteúdo do que a forma, mas sim o local que está sendo inserida tem importância no conjunto da ação. Neste momento reconhecemos as distintas formas de intervir nos espaços urbanos, com as distintas técnicas e linguagens apropriadas principalmente pelas juventudes das periferias desta nação Latino americana,e como exemplo citamos o cartaz, o estêncil, a pixação, e o graffiti autêntico.
         
A tarefa que cumpre o mural e a intervenção
É a nossa imprensa, é uma das linguagens que usamos como nosso meio de comunicação, com uma técnica e estética própria da luta que travamos contra os inimigos da nossa classe. Deste modo, a nossa ação é coletiva e nos realizamos dessa forma, portanto agregamos desejos e convicções a um vetor de comunicação, informação e formador de subjetividades e transformadora de realidades.
         
O sujeito
As ações tanto no mural ou nas intervenções, carregam uma gama de anseios, desejos, angústias e desafios que as vezes não são percebidas pelo seu executor o que não desvaloriza a sua ação. De certa modo estas linguagens manifestam demandas que sintetizam e/ou dão forma, no conjunto de sua ação, é ao nosso ver uma ação política. Afirmamos isto até mesmo em virtude do expressivo número de jovens que vem sendo cerceados de sua liberdade de expressão em prol de uma ação sistemática de repressão aos que ousam manifestar-se usando como suporte a arquitetura das cidades. Esta dado o enfrentamento no campo ideológico sobre o que pode e o que não ser falado. Existe hoje nas grandes cidade um plano de assepsia urbana, plano este, combinado com uma alta especulação imobiliária que remove toda e qualquer conseqüência indigesta, criada pelos ricos e a conseqüente expulsa e criminaliza estes sujeitos ao qual nos referimos, dos centros urbanos, moradores de ruas, catadores, comerciantes ambulantes e pessoas que manifestam suas idéias através da arte de rua, em todas as suas formas de expressão, são alvos desta investida anti-democrática e de vocação facista.
Neste ELAOPA, tivemos a oportunidade de reafirmarmos acordos, renovar reflexão e além disto, fortalecer ainda mais um ferramenta de luta que trás o mesmo rigor e importância como as lutas por demandas econômicas. Estamos falando de luta das idéias, de subjetividades e representações que tem seu grau de materialidade e que sim formam sujeitos e sociedades.
O que está dentro fica, o que está fora se expande, pela força das ruas!!!
         
Datas onde unificaremos Ações de Muralismo e Intervenção:
        1º de Março: Data que marca a chegada das primeiras Tropas de Ocupação Militar no Haiti. Como um dos símbolos reincidentes nos murais a serem pintados será representado por mãos rompendo correntes, simbolizado a opressão e libertação do Povo Haitiano, Além da consigna, “Fora tropas do Haiti, Liberdade ao Povo Haitiano!”
         
        1º de Maio: Evidentemente marca o Martírio dos Trabalhadores em Chicago em 1886 e como respectiva data de protesto pelo dia do Trabalhador.
         
        5 de Junho: Rememoramos o Massacre de Bagua, na Amazônia peruana, onde mais de 30 pessoas foram mortas, data que se torna símbolo da implementação do Plano IIRSA na América Latina.
         
        11 de Outubro: Data fortemente lembrada nos Países de Língua espanhola na América Latina, que marca a invasão das caravelas espanholas neste continente, chamamos este dia de “O último dia de Liberdade dos Povos Originários das Américas”.
         
        Pintar e Lutar por toda América Latina!!