II ELAOPA | Informe das lutas de autodeterminação pelos recursos naturais na Bolívia

A partir de 85´ começa a se desmantelar a indústria, se despedem 30 mil mineiros, a COMIBOL perde poder, e 60 mil fabris.

Desaparecem os grandes centros industriais.

A partir daí, se modifica a estrutura laboral, as mulheres e os jovens adquirem um novo rol na sociedade, passam a ser os novos setores trabalhadores, mas sem direitos sociais nem sindicalização. Neste contexto a organização dos partidos liberais começa a crescer, e de maneira inversa a diminuir a organização dos sindicatos. Se começa com a onda de privatizações, mas estes investimentos não geram trabalho.  A medida de municipalização de 1993 começa a desmantelar as formas camponesas de organização, aumentando a presença do Estado no campo.

Neste período, os setores intelectuais bolivianos por um lado recuam e por outro vêem a Sánchez de Losada como um grande reformista.

Com a guerra da água, se demonstra que a forma de organização de base não foi tão golpeada durante os anos de auge neoliberal. Esta organização se deu com base territorial, não nucleados por organizações laborais, porque o que se havia desmantelado era o macro, não as organizações locais, com uma base soberana. Em setembro de 2000 é a base social a que decide o bloqueio, não houve líderes, a menos que se considerem aos 200 ou 400 delegados das juntas de vizinhos como líderes. Começa um processo em que os dirigentes só se mantêm nessa posição se ganham os mandatos das bases.

(…) se introduz no que ele chama uma dualidade de poder institucional, entre o Estado e a comunidade, por exemplo com a autogestão da água.

(…) A 15 anos da introdução do neoliberalismo nesta parte de nossa Latinoamérica o povo boliviano despertou e começou a dar a luta contra as privatizações. A primeira destas foi a que se realizou contra a venda dos direitos da água: “esta luta rompeu com a inércia do neoliberalismo, sem ela não houvera existido nem 14 nem 15 de Fevereiro e menos um combativo 17 de outubro de 2003”; podemos chegar a conclusão que se existe um fato que marca a mudança da realidade nestas terras este seria a luta pela água.

(…) A situação aberta com a “Guerra da água” tem continuidade na “Guerra do gás”, em outubro do ano passado (2003). A partir de então se abre a possibilidade de que com a convocatória de uma Assembléia Constituinte se introduzam artigos para proteger os recursos naturais.