Ideologia do Escola Sem Partido provoca perseguição em escola de São Paulo

Professores divulgaram uma carta em que denunciam “onda obscurantista”, e convocam sociedade a repudiar assédio

da Resistência Popular Sindical-SP

Mesmo que não venha a ser aprovado no Congresso, o projeto Escola Sem Partido já vem tentando intimidar educadores. Dois professores de uma escola estadual da zona oeste de São Paulo denunciam terem sido perseguidos.

A professora de Sociologia e o professor de Física divulgaram uma nota aberta em que relatam que uma pessoa não identificada fez duas denúncias contra eles, pela Ouvidoria da Secretaria da Educação. As denúncias dizem que os professores deixam o conteúdo programático de lado para abordar temas políticos em sala de aula. Diz uma das denúncias:

“Interessada entrou em contato com essa Ouvidora para registrar reclamação sobre postura profissional dos professores Tiago Mendes (física) e Bruna Alem Santinho (Sociologia), que ocorre no 3o ano do Ensino Médio. Alega que os referidos professores abordam temas sobre política durante as aulas, influenciando alunos e deixando de lado o conteúdo programático da matéria.”

A segunda denúncia encaminhada à Ouvidoria diz ainda que os estudantes que não seguem as recomendações dos professores são perseguidos por eles. Esclarecem os educadores que ambas as denúncias não apontam qualquer evidência sobre as acusações, e que os critérios de avaliação não abrem margem para perseguição a estudantes.

Onda obscurantista

Para os professores, uma onda obscurantista vem tomando a sociedade, “justificada por uma educação baseada na família, em detrimento do conhecimento produzido socialmente ao longo da história e comprometido com a defesa da dignidade, da liberdade e da diversidade humana”. Dizem ainda que os ataques se dirigem à escola “instituição fundamental de promoção de valores que apontem para o desenvolvimento humano e social.” A nota dos professores conclui da seguinte maneira:

“Convocamos toda a comunidade escolar a se somar em espaços coletivos, como Conselhos e a própria sala de aula, na construção de uma perspectiva de educação plural, humanista, inclusiva e democrática, que tenha como premissa básica relações de confiança e construção coletiva. Devemos, educadoras, educadores e toda a sociedade, manifestar-nos veementemente contra todo assédio e silenciamento de nossa classe e repudiar ações que imponham barreiras a nossa prática pedagógica, comprometida com a construção de uma sociedade mais digna, plural e justa.”

Confira aqui o documento dos professores