Foto: Diário da Manhã (Pelotas)

Havan convoca trabalhadores a protestarem contra próprio sindicato

Por divergência no valor a ser pago para trabalho nos domingos e feriados, empresa de Luciano Hang chama pré selecionados a pressionarem SecPel e ameaça não abrir loja em Pelotas.

Desde o ano passado, a Havan e o Sindicato dos Empregados do Comércio de Pelotas (SecPel) tratam negociações relacionadas aos salários e benefícios dos trabalhadores que serão contratados pela empresa de Luciano Hang na cidade de Pelotas. A questão se estreita em que a Havan declara que, se o sindicato não aceitar a proposta referente aos valores que deverão ser pagos por domingos e feriados trabalhados, irá cancelar a contratação dos trabalhadores e a construção da loja. Na manhã dessa sexta feira (05/10), trabalhadores pré selecionados protestaram na sede do sindicato pela liberação do acordo. O SecPel exige uma remuneração melhor para os dias de trabalho nos finais de semana e feriados, uma diferença de cerca de R$60,00 ao que é proposto pela rede de lojas. Mas a exigência do sindicato desagradou a Havan, que teve um faturamento de mais de R$ 7 bilhões no ano passado.

A empresa de Luciano Hang pressiona os futuros contratados a se manifestarem contra seu próprio sindicato, alegando ser o SecPel o possível responsável pelo cancelamento de até 150 contratos de trabalho diretos com a Havan. Por meio de seus representantes, a Havan mobiliza os trabalhadores e a opinião pública alegando ter o maior piso salarial da categoria na cidade e questionando que, mesmo assim, o sindicato não aprova a proposta de remuneração para os domingos e feriados. A rede de lojas bilionária joga com ameaças de fechamento de postos de trabalho e apela para o desespero de quem está desempregado.

Caso parecido ocorreu com a instalação da Havan no município de Santa Cruz do Sul, oportunidade na qual Luciano Hang esteve em pessoa na cidade, mostrando-se “disposto a negociar” com o sindicato. Apesar de ter conseguido pequenos avanços, o sindicato se viu obrigado a ceder em diversos pontos. Já em Pelotas, o empresário não declarou vir ao município negociar pessoalmente, mas apresentou seu veredito ao Sindicato e divulgou vídeo nas redes sociais com suas habituais ameaças. Na região sul, não é de agora que Hang mobiliza suas milícias digitais nas redes sociais e joga com o sentimento de quem está em condições difíceis para agir acima da lei. As mesmas ameaças de cortar postos de trabalho já ocorreram antes, quando órgãos públicos ligados às questões patrimoniais exigiram que se cumprissem as leis patrimoniais de licenciamento para construir as lojas de Pelotas e Rio Grande.

Luciano Hang já foi denunciado e processado pelo MPF e MPT por diversos crimes, entre eles, fraude em importações, uso de contas no exterior descobertas no Banestado, crime financeiro, lavagem de dinheiro, violação da liberdade dos funcionários. Todavia, sua ficha permanece limpa. Condenado por sonegação de impostos e fervoroso apoiador de Bolsonaro e da Reforma da Previdência (que vai jogar na miséria a população brasileira na velhice), Hang deve cerca de R$ 168 milhões para Receita Federal e para o INSS, tendo sua dívida milionária renegociada no Refis para pagar em 115 anos. O homem que se recusa a pagar cerca de R$ 60 reais a mais para os funcionários trabalharem sem descanso é o mesmo que faturou mais de R$ 7 bilhões no ano passado, que deve milhões para a previdência, que esse ano entrou para a lista de bilionários da Forbes com uma fortuna estimada em 2,2 bilhões de dólares e que comprou um dos jatos executivos mais caros do mundo (cerca de R$ 250 milhões).

Fotos: Diário da Manhã (Pelotas)