A greve pela vida da rede municipal de educação em Maricá

Por Repórter Popular – Maricá

Desde fevereiro deste ano, os e as trabalhadores e trabalhadoras da educação municipal de Maricá vem travando uma longa batalha contra a prefeitura, governada pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

A Secretaria Municipal de Educação de Maricá desejava retornar com as aulas presenciais no dia 15 de março, período em que os profissionais ainda não tinham sido vacinados. Com forte mobilização da categoria, que realizou um ato e intensificou a propaganda sobre os riscos do retorno sem vacina, a prefeitura recuou, mas manteve o funcionamento do administrativo das escolas.

Em maio, mais uma tentativa de retorno sem vacina. A resposta dos trabalhadores da educação, foi a realização de mais um protesto, desta vez na porta da prefeitura, ato recebido por um forte contingente policial e da guarda municipal. Neste ato, a categoria foi recebida pela Secretária de Educação, Adriana Costa, que se comprometeu a vacinar todos os profissionais da educação até o dia 22 de junho. Promessa que felizmente foi cumprida.

Com o retorno presencial suspenso, a vacinação da primeira dose avançou na categoria da educação durante o mês de junho. Mas surpreendentemente, o adiantamento do recesso escolar (para o mês de junho) foi utilizado para apressar o retorno presencial apenas com a primeira dose da vacina.

A greve pela vida da educação municipal de Maricá hoje

Com mais uma mudança, a prefeitura de Maricá anunciou o retorno das aulas presenciais (apenas com a primeiro dose da vacina aos profissionais da educação) para o dia 05 de julho. Em assembleia do Sindicato de Profissionais de Educação de Maricá (Sineduc) a categoria decidiu em favor da greve pela vida e a paralisação do ensino remoto de 72h (05, 06 e 07 de julho).

Também foram formadas comissões de luta pela vida em diversas escolas, mobilizando os profissionais da educação em torno da demanda de só retornar, com 70% da população maricaense vacinada e com a 2a dose da vacina, dos profissionais da educação.

O sindicato também produziu um material crítico ao plano de retorno, denunciando os inúmeros problemas nos supostos “protocolos” de segurança a serem adotados nas escolas. Em muitas escolas a adesão foi alta e o retorno de alunos baixo.

Foto: Repórter Popular – Maricá. Cartazes da greve pela vida, colados próximos a uma escola da rede municipal.

 

Assédio moral e perseguição ao direito de greve

Imagem divulgada no facebook da Secretaria Municipal de Educação. Em Maricá há liberdade de pensamento, mas não de greve.

Baseando-se numa suposta nota “técnica” (produzida pelo próprio subsecretário de saúde), a SME envia profissionais com comorbidade e apenas com a primeira dose da vacina, para as escolas. Também há relatos de profissionais sendo assediados por diretores, que ameaçam (ou cortam) a hora-extra de profissionais da educação, que pressionam principalmente os profissionais em estágio probatório a retornarem ou não aderirem a greve. Os diretores das escolas em Maricá não são eleitos pela comunidade escolar, mas são indicados pela SME.

A secretária de educação também afirmou em reunião do Conselho de Educação, que cortaria o ponto dos profissionais, fato que deixaria até o governador de extrema-direita, Cláudio Castro, consternado, já que este, apesar de retornar com as aulas presenciais, não cortou o ponto dos grevistas.

Já há relatos de profissionais mencionando casos de covid nas famílias de alunos que estão retornando as aulas, aglomerações nas portas das escolas, uso de máscaras inadequadas por funcionários e salas com maior capacidade que o planejado.

Imagem retirada do facebook da SME de Maricá. Desde fevereiro (quando começaram as pressões para o retorno presencial), A SME não divulga a causa das mortes dos profissionais da educação.

Não há números oficiais, da quantidade de profissionais da rede municipal mortos por covid-19. Mas todos os meses, há notas de pesar. A cidade perdeu duas diretoras (que trabalhavam administrativamente nas escolas) e dezenas de educadores/as por covid. A perda mais recente, foi da professora Manuely Prata.

Também é preciso destacar, o silêncio das mídias oficiais sobre a greve da educação na cidade de Maricá. Apesar do silêncio desses meios e os ataques da prefeitura do PT, os educadores e educadoras lutam. Lutam pelo direito a vida, de seus alunos, familiares e de todos os profissionais da educação.

 

Se você tem alguma denúncia sobre a situação das escolas durante o retorno das aulas presenciais, entre em contato com o facebook do Repórter Popular e nos conte. Manteremos seu anonimato.