Esta sexta-feira marcou mais um dia de paralisação de trabalhadores e trabalhadoras de todo o Brasil. No Rio Grande do Sul, foi possível ver que nas ruas havia mais pedestres do que se verificou na última greve geral, em 28 de abril. No entanto, em várias localidades e momentos diferentes foram realizados protestos contra a Reforma da Previdência e Reforma Trabalhista, que alteram as regras e aumentam o tempo de trabalho necessário para aposentadoria e mudam as leis que regulamentam a contratação de trabalhadores.
Em Porto Alegre, os protestos começaram antes dos primeiros raios de sol. Ainda na madrugada, garagens da cidade tinham piquetes organizados por funcionários e apoiadores. Em pontos como a garagem da Carris, principal empresa de transporte público de Porto Alegre, a Tropa de Choque da Brigada Militar interveio no início da manhã para dispersar os manifestantes, usando bombas de efeito moral. Apesar da resistência dos que ali estavam, os veículos da empresa começaram a circular por volta das 6h30 da manhã. Assim também ocorreu em outras garagens trancadas. Após a dispersão na garagem da Carris, o professor estadual Altemir Cozer foi detido sob acusação de porte de explosivos. Além de Cozer, outras duas pessoas foram detidas em atos na capital*.
Porto Alegre ainda viu cenas de manifestação em vários outros pontos, como no Campus do Vale, da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde a Av. Bento Gonçalves, um dos principais pontos de acesso à cidade pela Zona Leste, foi trancada. Uma estudante foi ferida pela Brigada Militar, que reprimiu a manifestação com bombas de gás e balas de borracha. Ainda na Zona Leste, moradores da região trancaram as avenidas Antônio de Carvalho e Protásio Alves, com bandeiras, gritos de protesto e panfletagem junto a motoristas, denunciando a situação de precariedade imposta pelo corte nos serviços públicos imposto pela atual gestão da prefeitura, de Nelson Marchezan Jr. (PSDB), e também os riscos de despejo que ameaça os bairros Boa Esperança e Altos da Colina.
Na Avenida Farrapos houve marcha realizada pelas centrais CSP-Conlutas, a CTB, a CUT e a Força Sindical. Uma marcha de sindicalistas da Nova Central (NCST) que começou trancando a Ponte do Guaíba, pouco depois das 8h, e se dirigiu ao Centro pela Av. da Legalidade, obstruiu parcialmente a via. A rodoviária — com atrasos pontuais de ônibus devido a barricadas em rodovias do interior — operaram normalmente.
Próximo ao meio-dia, manifestantes marcharam no Centro de Porto Alegre em direção ao Palácio Piratini, onde o ato foi encerrado próximo às 15h.
Outras regiões do estado também paralisaram
Outras cidades do entorno de Porto Alegre, como Canoas, Guaíba, São Leopoldo e Viamão não tiveram ônibus no início da manhã. A Trensurb, empresa metropolitana de transporte ferroviário, não operou no início da manhã pois manifestantes ocuparam por breves momentos os trilhos do trem. No resto do dia, os serviços foram normalizados. Ao todo, cerca de 20 estradas estaduais e federais no Rio Grande do Sul foram trancadas ao longo da manhã. Com destaque para a BR-386, que liga a Porto Alegre e Região ao Centro do estado, que ficou trancada em três pontos: Nova Santa Rita, onde assentados do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra trancaram a via; Triunfo, onde a rótula que dá acesso ao município foi parada; e Sapiranga, em ações que paralisaram o tráfego na rodovia federal até às 15h.
Em Santa Maria, na Região Central do Estado, houve manifestações, inclusive por movimentos de luta pela moradia, como os moradores da Vila Resistência, comunidade com 15 famílias que vivem em uma ocupação no Parque Pinheiro Machado, Zona Oeste da cidade.
*Até o momento do fechamento da matéria, o professor estadual Altemir Cozer ainda estava detido e também não havia informações novas sobre os outros dois presos