Governador Jorginho Mello (PL) comete assédio moral e ameaça professores em greve

Por professores da base em Joinville*

Após cerca de 10 dias desde o inicio da greve dos professores em Santa Catarina, o governo de Jorginho Mello (PL) começou a praticar assédio moral e ameaças de demissões contra os trabalhadores grevistas com o objetivo de desmobilizar a categoria. Além disso, os comunicados oficiais do governo estadual são mentirosos e difamadores, informando erroneamente à população sobre as pautas reivindicadas pelos professores.

O início da greve ocorreu em 23 de abril após assembleia do magistério catarinense, momento em que os professores juntamente com o sindicato decidiram iniciar as paralisações no Estado de Santa Catarina com as seguintes demandas:

  • a descompactação da tabela salarial;
  • o lançamento de um novo concurso público;
  • a revogação do desconto de 14% sobre os salários dos aposentados;
  • a garantia de hora-atividade para todos os professores;
  • a melhoria na infraestrutura escolar.
No período de pouco mais de duas semanas entre a assembleia e o início da greve, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação na Rede Pública de Ensino do Estado de SC (SINTE), pouco mobilizou a categoria.
No dia 23, início da greve, foram realizados atos em várias regionais pelo estado foram realizados atos. Em Joinville, a manifestação ocorreu na Praça da Bandeira. Houve uma passeata até a sede da Coordenação Regional de Educação (CRE), onde foi entregue uma carta de reivindicações para a Gerente Sônia Teresinha Paul. 
Greve foi deliberada no início de abril (Foto: @kafran.oficial)

Na sequência, a direção sindical encaminhava a formação do comando de greve na sede da entidade de classe. O entendimento de parte dos professores era que isso afastaria a base de participar de um momento importante de construção da greve.

Após sugestão desses trabalhadores da base, ali mesmo na rua, se formou o comando de greve regional. O primeiro informe de adesão da greve foi de início com 30% em todo Estado. A categoria é formada por 45 mil professores, sendo que cerca de 70% são Admitidos em Caráter Temporário (ACT).

Ato no Sesi em Joinville (Foto: Vitor Forcellini).

O governador Jorginho Mello (PL), inimigo da classe, esteve no dia 26 em Joinville, acompanhado da burguesia associada à Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) e do Serviço Social da Indústria (SESI) para inaugurar a Escola SESI de Referência. Acertadamente, o Comando de Greve puxou um ato para frente do prédio, causando um ruído para os donos do capital e toda lógica da educação como mercadoria.

Ato no Sesi em Joinville (Foto: Vitor Forcellini).

No dia 29, o governador voltou à cidade no Circuito Universidade Gratuita, na UNIVILLE. Porém, diferente do caráter totalmente privado do SESI, o campus universitário precisa manter sua máscara comunitária. Então, ao lado de fora do auditório, com um paredão de policiais armados com spray de pimenta, balas de borracha e cassetetes, ocorreu uma manifestação de estudantes, professoras e professores para denunciar a fraude do Programa Universidade Gratuita e cobrar as demandas do magistério estadual. A paz de Jorginho foi perturbada. 

Ato de quando Jorginho esteve na Univille.

Amanheceu o dia seguinte, alguns professores foram munidos com suas bandeiras em um ônibus fretado pelo sindicato até Florianópolis. Ao lado de 10 mil outros companheiros de classe, deixaram suas vozes e rostos marcados de indignação. Foram 120 ônibus de todo o estado para aa capital com o objetivo de reivindicar condições dignas de trabalho e uma educação de maior qualidade.  

No ato em Florianópolis, que ficou parado em frente ao Centro Administrativo enquanto o comando de greve se reunia com o governador em uma tentativa de negociação, mais uma vez o SINTE joga um balde de água fria na categoria.

A direção não abriu assembleia para discutir uma possível marcha pelas ruas de Florianópolis ou uma ocupação das ruas, alegando que se deveria respeitar as decisões do comando estadual. Antes mesmo da negociação terminar, quem estava no carro de som dava instruções do retorno às cidades e pediam aplausos à Polícia Militar.

O resultado da negociação foi a negativa da principal pauta da categoria, a descompactação da tabela salarial, que resulta em uma melhoria na remuneração e reconhecimento da formação dos professores. Desta forma, o magistério segue em greve e um novo ato estadual está marcado para o dia 8 de maio, em Florianópolis.

Assédio e ameaças de Jorginho começam

A retaliação de Jorginho Mello é grande. Desde a última segunda-feira (29) as direções das escolas, comandadas pelo governador, estão assediando os professores, ameaçando a demissão dos ACTs e a redistribuição de aulas dos efetivos.

Este assédio aumentou ainda mais após o ato do dia 30 e, de presente do Dia do Trabalhador (1º de maio), desde a quinta feira (2), as direções das escolas estão ligando para os professores grevistas e informando-os que perderam suas aulas

A notícia é dada por meio de telefonemas para que não seja gravado, pois a demissão de grevistas é inconstitucional. Quando os professores não atendem ou pedem para que seja enviado o comunicado por e-mail ou mesmo escrito no Whatsapp, para que se tenha registro, nada é enviado ao servidor. Além do grande assédio, os comunicados oficiais de Jorginho são mentirosos e difamadores.

Novo ato

No dia 03 de maio, em Joinville, aconteceu um ato em frente a CRE exigindo uma resposta sobre os assédios que estão acontecendo. A resposta foi que nenhum contrato foi rompido, mas que isso acontecerá, sem dar novas datas e sem nenhum amparo legal, já que a greve é legítima. Agindo desta forma, a própria coordenadoria de educação reforça o assédio que vem acontecendo na tentativa de desmobilizar a greve.

Os professores que escrevem esta notícia afirma que, neste momento, a categoria precisa se unir e se fortalecer, engrossando a greve e a pressão ao governo estadual, sem arredar o pé mesmo diante de ameaças e assédio tão baixos. “Só a luta muda a vida.” 

* Relato escrito coletivamente por um grupo de professores com afinidades políticas que estão na base no magistério estadual. 

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