Genocídio das mulheres negras lésbicas, bissexuais, transsexuais e travestis

Na contemporaneidade, é mais que necessário discutir o agravamento da violência quando o indivíduo é oprimido pela combinação de diversas opressões, como é o caso das mulheres negras. Estas são extremamente negligências e exploradas socialmente, têm suas vozes silenciadas e sua imagem desumanizada, culminando na hirpersexualização de seus corpos. 

As mulheres negras são as mais atingidas quando abordamos assuntos como: 1) Feminicídio — mesmo com a criação da Lei Maria da Penha (Nº 11.340/06) os casos de mortes aumentaram em 54%; 2) Reforma da Previdência, que alterou as idades para aposentadoria e o tempo mínimo de contribuição, entre outras alterações que afligem diretamente mulheres negras que, em sua maioria, ocupam postos de trabalho precários; 3) Cortes na educação, pois ao ingressar nas universidades públicas, essas mulheres demandam de recursos que auxiliem na sua permanência; 4) Encarceramento em massa da população negra e, principalmente, das mulheres negras que aumenta cotidianamente pelo sistema judiciário ser seletivo, racista, machista, homofóbico e que criminaliza a pobreza; 5) Genocídio da população negra, colocada em prática pela violência policial do Estado.

Luana Barbosa foi uma de muitas mulheres negras, lésbica e mãe que teve sua vida arrancada na frente do filho pela violência policial reproduzida e normalizada dentro da Instituição do Estado brasileiro. Ela tinha 34 anos e foi espancada por três policiais que causaram sua morte por lesões cerebrais. Isso por ela exigir ser revistada por uma policial mulher. Já se passaram 4 anos de seu assassinato e nenhuma medida foi tomada pelo judiciário, mostrando, mais uma vez, o desdém deste pela vida das mulheres negras, periféricas e lésbicas. O genocídio da população negra deve acabar! Assim como o racismo e o lesbocídio! 

As mulheres negras, lésbicas e bissexuais têm suas vozes anuladas nos espaços pelo machismo, a heteronormatividade e o racismo. Vivenciam descaso até mesmo no sistema de saúde, devido a falta de políticas públicas que pensem métodos de proteção específico para as mulheres lésbicas e bissexuais, de modo que assim possam se prevenir de infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) e doenças sexualmente transmissíveis (DST’s). 

Basta de nos oprimir! As mulheres negras são protagonistas de lutas populares há muitos séculos. Rebelaram-se contra o patriarcado colonial, opuseram-se ao regime escravocrata, encabeçaram os quilombos e, por muitas vezes, estavam à frente da luta na fuga das senzalas. Até hoje, continuam lutando pelo fim do machismo, racismo, lesbofobia, opressão de classe, bifobia e qualquer forma de discriminação e preconceito. As mulheres negras demonstram uma forte resistência fazendo política por meio das poesias, fanzines, pichações e slam, de modo que, assim, estão denunciando a realidade vivenciada e chamando outras negras para a luta também! Sendo assim, são protagonistas de suas lutas, pois encontram-se à frente de diferentes estratégias de sobrevivência. São mulheres que cada vez mais são mais mulheres em relação a si mesmas; mesmo estando na base da pirâmide social, sendo atingidas por todas as formas de opressão, estão em luta! Luta que desbravam cotidianamente contra o sistema capitalista que produz uma lógica de opressão, morte e encarceramento dos seus e faz com que isso seja normalizado e reproduzido pela população.

QUEREMOS O FIM DO GENOCÍDIO DA POPULAÇÃO NEGRA! 

DO ENCARCERAMENTO EM MASSA! 

DO MACHISMO E DO RACISMO!

LUANA PRESENTE!