Força, movimento e ruptura; os Técnicos Mecânicos frente a crise econômica

Vivemos um período de lutas por poder na sociedade brasileira. O momento é tido e vendido pelos ricos como de grave crise econômica em nosso país. Mas não é bem assim, pelo menos não para todos, os  patrões e os políticos por exemplo não passam por dificuldade alguma. Já para o povo trabalhador esse realmente tem sido um período de dificuldades e incertezas. Os direitos e garantias de quem trabalha tem sido retirados de forma abrupta. A sanha por mais e mais lucros por parte do empresariado e do capitalismo financeiro veio com tudo sobre as condições sociais dos trabalhadores; as terceirizações, a destruição da CLT, o fim do seguro desemprego, e o eminente fim da  aposentadoria, não são obras do acaso.

Nesse estado de coisas onde só quem pertence a classe dos detentores de grande capital, seus políticos e militares podem se dar bem. Resta a maioria da população  batalhar dia a pós dia, suando a camisa, vendo a maior parte do resultado do seu trabalho roubado para sustentar o estado parasitário dessa minoria. O cenário duro toca a toda a classe trabalhadora e por isso também a nós Técnicos em Mecânica, profissionais que laboramos projetando, construindo, instalando e dando manutenção em maquinários em todas as áreas produtivas, nas indústrias; metal-mecânica, aeroespacial, naval, farmacêutica, petrolífera, no comércio,  nos transportes, e no setor agrícola.

Sobre a crise econômica que tanto se fala ela está sendo gerada por que essa meia dúzia que forma as classes dominantes nacionais,  sob as ordens do mercado financeiro querem assaltar mais e mais a população brasileira. Em menos de meia década foram aprovadas a lei terceirização irrestrita, a reforma trabalhista e outros ataques aos direitos coletivos enquanto se consolidam modelos de trabalho sem garantia nenhuma. Diversos tipos de profissionais, inclusive os de nível técnico vem sendo empurrados para a informalidade, trabalhos precarizados e com salários cada vez mais insignificantes, modalidades de trabalho sem direitos, sub-empregos tipo o microempreendedor individual (MEI). E todos, sem exceções, vivemos assolados pelo fantasma do desemprego e acompanhando aprovação da macabra  reforma da previdência que assombra os sonhos de futuro de todos que vivem do próprio trabalho.

Frente a esses desafios as possibilidades não podem vir através de saídas individuais visto que todos os problemas vislumbrados aqui são de ordem coletiva e social. É necessário lutar todos os dias contra as  falsas ilusões prometidas pelas ideologias do empreendedorismo, por que é obvio que lá encima não cabe todo mundo, é preciso redistribuir as riquezas e não tentar disputa-la de forma individualista. Então hoje além do Técnico Mecânico estar peleando de forma permanente para ser um profissional competente, atualizado, dinâmico e poder exercer a profissão em prol da sociedade, é necessário e urgente o seu engajamento em caráter de liderança nos locais de trabalho, participando das mobilizações, e ajudando a construir novamente o sindicalismo classista no Brasil. Pois é  só através do trabalho e da luta coletiva pela defesa e ampliação de direitos que temos chances de reverter o quadro de horror que nos tem sido imposto nos últimos anos. Será junto a os demais trabalhadores que os técnicos em mecânica, dado seu grande lastro de lugares de atuação e valoração de seu trabalho, poderão vir a ser importantes agentes dinamizadores nesse período de grandes lutas e enfrentamentos para restaurar e ampliar diretos sociais. E por que não colaborando para uma efetiva tomada da direção da sociedade por parte quem trabalha?

Ademir Buratti, trabalhador autônomo em manutenção eletromecânica e estudante do Curso Técnico em Mecânica do IFRS- Campus Erechim.