Na última quarta-feira, 24 de março, estudantes da Universidade da Região de Joinville – Univille – se reuniram para pintar uma faixa em alusão ao dia 31 de março. O material produzido, que leva a frase “Ditadura Nunca Mais”, com seis metros de comprimento, será usado em um ato que acontece na quinta-feira, 31, nos 58 anos do golpe militar, que deixou centenas de mortos e desaparecidos no Brasil.
Ambas as atividades, confecção da faixa e manifestação, são organizadas pelo Centro Acadêmico Livre de História Eunaldo Verdi (Calhev), este que é uma referência de luta do movimento estudantil da cidade.
Criado em 1987, passando por diferentes conjunturas e por diversas mãos e corações que construíram dia a dia este espaço de luta e combativo. As atividades são de grande importância visto o período de dificuldades ocasionado pela pandemia.
A estudante Kassiely da Costa Pereira lembra a importância da data como um dia de luta pela verdade, memória e justiça contra os crimes da ditadura militar:
“Peter Burke tem uma fala famosíssima, que até chega a ser clichê entre nós, da história, mas não deixa de ser uma afirmação de importância. Ele diz: ‘a função do historiador é lembrar a sociedade daquilo que ela quer esquecer’. Acredito que essa reflexão possa resumir bem nosso objetivo. É por isso que construímos atos e manifestações. É nossa função e responsabilidade lembrar, estudar, reinterpretar e narrar aquilo que não vivemos ou o que testemunhamos. É nossa função nos comprometermos a lembrar das mortes, das prisões, das torturas, da violência e opressão que a população brasileira sofreu durante a Ditadura Militar”, diz.
Kassiley bem lembra que não é possível deixar a data cair em esquecimento. Relembrar este episódio sombrio é . também relembrar da força daquelas e daqueles que resistiram e lutaram contra as repressões. “Porque é isso que querem que esqueçamos, é isso que querem apagar através de frequentes revisionismos, relativizações e até mesmo eufemismos”, afirma.
A estudante explica que, além da memória da data, o objetivo do ato é lembrar em forma de protesto e incomodar aqueles que não se recordam do período, ou que querem apagá-lo. “Protestamos contra toda e qualquer apologia ao Golpe Militar de 1964, protestamos contra os ataques a nossa democracia, mesmo se tratando de uma democracia burguesa e muito questionável. É o momento de gritarmos ‘ditadura nunca mais’.”
De acordo com a estudante, o Centro Acadêmico Livre de História Eunaldo Verdi (CALHEV) se propõe a representar politicamente as educandas e educandos, reivindicando direitos e se solidarizando com as novas lutas que se apresentam conforme o contexto. Por esse motivo, o Calhev exige a politização de suas e seus integrantes.
Kassiely afirma que não se trata de um discurso partidário, mas sim de ações atentas às necessidades políticas, as quais implicam as trajetórias dos acadêmicos. Outra ação importante construída pelo Calhev são os eventos e atividade que geram experiências de integração entre os e as discentes.
“Dessa forma, podemos afirmar que o centro acadêmico é de extrema importância para a integração e formação política das universitárias e universitários, além de propor um espaço onde nossas vozes e reivindicações têm poder, contribuindo assim, para a garantia de nossos direitos”.
ATO DIRATURA NUNCA MAIS
O Calhev convida a todas e todos a participarem do ato Ditadura Nunca Mais! “Traga seu cartaz, sua faixa e revolta.”
Quando: quinta-feira, 31/03/22
Onde: Univille (campus norte) Bloco A, localizado na rua Paulo Malschitzki, Zona Industrial
Horário: 20:30.