Nesse mês de Março, nós do Repórter Popular estamos organizando uma série de publicações sobre a questão das mulheres. O primeiro tema entre os que iremos abordar é o da violência obstétrica, um problema que atinge muitas mulheres com a chegada da maternidade. Também vamos trazer reflexões sobre outras questões relacionadas a saúde da mulher, como amamentação, ao feminicídio, a polêmica ideologia de gênero, e outros temas.
Você sabe o que é violência obstétrica?
Se você já pariu, sabe se foi vítima?
Se você vai parir, sabe como se proteger?
Se você não se encaixa em nenhuma das opções acima, que tal saber também e ajudar a combater essa crueldade com suas amigas, irmãs. parentes (e isso vale para vocês também, homens – sejam pais ou não)?
Caso você use redes sociais (vai, todo mundo usa alguma… facebook, instagram, whats) deve ter lido alguma coisa sobre violência obstétrica. Algum relato, alguma foto.
Violência obstétrica pode ser várias coisas, desde o pré-natal até o pós parto.
Se durante o pré-natal o obstetra que te atende não responde às suas perguntas, se nega a falar sobre algum determinado ponto sobre sua gestação ou parto, já estamos falando de violência. Quando o médico diz que não é para você se preocupar com seu parto que ele cuida de tudo, também é violência obstétrica.
Durante o parto, você tem direito à acompanhante de sua escolha. Toda vez que forem tocar em você e lhe fazer algum procedimento (soro, exame de toque, medicação) você deve ser informada do que está sendo feito e receber explicações do motivo, e caso ache que não é necessário, negar.
Te chamar por apelidos que te ofendem, menosprezar tua dor, ignorar suas dúvidas, te deixar sem comer e beber, te proibir de caminhar, te obrigar a ficar deitada, fazer a episiotomia (aquele corte que chamam de PIC) no períneo por rotina, subir em cima da sua barriga para fazer o bebê sair mais rápido, não te deixar escolher a posição mais fácil para parir, agendar a data dasua cesárea mesmo que você queira parir de parto normal, e assim vai. Exemplos a gente encontra aos montes. Temos certeza que se você conversar com suas amigas, parentes, vizinhas, vai ouvir relatos.
Mas e o que isso tudo significa?
Significa que os profissionais de saúde não estão respeitando as mulheres. Significa que estão usando procedimentos que não são mais indicados e podem comprometer a saúde da mãe e do bebê já provados por diversos estudos (e que são considerados pela ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE desnecessários e violentos).
Significa que tiraram das mulheres o protagonismo da gestação e do parto. Nosso corpo sabe como fazer. Só precisamos estar seguras e amparadas por profissionais que sejam éticos, corretos e atualizados.
O Brasil é campeão de cesáreas desnecessárias. Veja bem, um parto cesárea bem indicado, quando existe risco de verdade para mãe e para o bebê, é incrível e salva vidas. Mas uma cesárea porque o médico quer viajar no feriado traz riscos para essa criança e essa mãe.
Nós não queremos dizer que todas as mulheres tem que parir agachadas, sem remédio pra dor, em casa, na água ou algo do tipo. Mas sim que todas nós devemos ser respeitadas pelas escolhas que fazemos – escolhas baseadas em evidências científicas e que deveriam vir das pessoas que confiamos nossa saúde, médicos, enfermeiros, doulas, parteiras.
Acreditamos que lutar pelo direito das mulheres de parir conforme sua vontade, com respeito, segurança e afeto, é uma pauta feminista e que deve ser lembrada no 8 de março e no resto do ano.
Se precisar de mais informações, pesquisas, lugares onde buscar ajuda e denunciar violência obstétrica, deixamos aqui alguns links:
https://www.artemis.org.br/violencia-obstetrica
http://www.cee.fiocruz.br/radarods/?p=3210
Por Cíntia Rigotto, militante da Resistência Popular Estudantil