Entenda algumas nomenclaturas do cinema – parte 2

           Dando seguimento às nomenclaturas do cinema, hoje vamos falar sobre mais três delas, a saber: som diegético, locação, pós-produção.

Som diegético: creio que isto não seja somente do cinema, mas aqui falamos da sétima arte. Som diegético é o som da cena, o som – qualquer som – que ouvimos quando da gravação de uma cena. O som da voz dos personagens pode ser diegético, o som do vento na rua pode ser também, todos os sons, barulhos, ruídos. Som diegético é o oposto do som gravado fora da cena e colocado na cena, como uma narração, seja de lembrança, de pensamento, etc., seja a trilha sonora, que não é executada naquele momento mas posta em cena na pós-produção.

Filmes que utilizaram: todos, à exceção dos filmes mudos, quando todo e qualquer som era posto depois da gravação, pois não havia a tecnologia da captação de som junto à filmagem. Há usos muito inteligentes desse recurso, por exemplo em O poderoso chefão, na cena do assassinato no restaurante: Michael está nervoso, e minutos antes do ápice, quando ele cometerá o homicídio, ouvimos um som muito forte de um trem passando ao lado do local. O som ensurdecedor do trem passando, um som diegético, tem a função de representar sonoramente o estado de consciência do personagem, que está tenso.

Locação: são os locais onde ocorrem as filmagens. Pode parecer banal, mas não é. Pensemos no filme O iluminado: que diferença faz aquele cenário isolado, montanhoso, cheio de neve, para a composição daquele filme de suspense em que a tensão é importantíssima. Outro exemplo: Andrei Tarkovski, que adorava filmar em lugares abandonados, rurais e com neblina, precisava pensar bem suas locações. No documentário Tempo de viagem, conta-se que o diretor procurou por mais de 1 ano as locações para seu longa Nostalgia.

Pós-produção: a construção de um filme se dá, basicamente, em 3 partes: pré-produção, produção e pós-produção. A primeira vai desde a escolha do elenco, roteiro, busca por locações adequadas, etc. A produção é a filmagem, a gravação das cenas, o grosso do filme – muitas vezes um filme de 2h tem umas 10, 20 horas de gravações, que serão depois editadas. A pós-produção é a montagem final do filme, é deixá-lo em sua forma derradeira. A edição (cortes das cenas), a montagem (colocação das cenas na ordem em que o diretor quer), a trilha sonora e sua colocação no filme, os efeitos especiais, tudo isto é a pós-produção. É a parte mais longa da produção de um filme, pode levar bem mais que o dobro do tempo de gravação, às vezes bem mais que isso.

            A mim me parece interessante esse tipo de texto, quer visa informar e subsidiar um debate mais legal para leigos interessados na sétima arte. Provavelmente seguiremos com textos assim, intercalados com crítica cinematográfica.

Rodrigo Mendes