Eles querem acabar com a aposentadoria e a proteção social dos pobres

Por Elias Coutinho (Trabalhador da Saúde Pública de Cachoeirinha, Agente de Combate a Endemias) e Lucas Carvalho (Eletricista autônomo na região metropolitana de POA) 

Simples, duro, mas começa por aí. Quem vive do próprio trabalho,  no andar de baixo, sabe que não é uma verdadeira reforma da previdência social o que pretendem os bancos,  os políticos e a imprensa. Reparem que hoje entre os que planejam e decidem sobre a tal reforma da previdência, não tem nenhum trabalhador e nenhuma trabalhadora, não tem peão de obra, que vira massa, puxa tijolo, lida com saco de cimento, que bate prumo, também não tem empregada domestica que lava roupa, cozinha, limpa casa e banheiro dos outros no inverno e no verão.

A propaganda do bonita do governo e o discurso da mídia são puro artificio, eles só querem aumentar a exploração sobre quem trabalha. Não é pra melhorar as garantias de descanso de uma vida calejada no trabalho duro. Não é pra ampliar a rede de proteção social que ajuda a velhice, acidentados, mulheres que tem a jornada de casa e do emprego, muitos trabalhadores da informalidade sem registro de carteira.

Mais do que isso. O povo trabalhador que é a massa desse país e o maior financiador de todo o sistema de seguridade social, que junta o direito fundamental à saúde, assistência social, aposentadoria e pensões. E todos sabemos como nos falta, o quanto nos falta no dia a dia, a renda de uma aposentadoria ou a garantia de uma serviço social que afeta a vida cada vez mais difícil da gente. Tem muita coisa que precisa melhorar, mas não é esse tipo de reforma que estão nos vendendo.

Os patrões, uma lista grande de donos das grandes indústrias, bancos e empresas de todo tipo, são caloteiros da previdência social dos trabalhadores. Não pagam a parte do bolo que deveriam pagar. E ainda acham que podem mais. Tem o caso de empresários graúdos que não pagam a sua parte, o que se chama de cota patronal, e ainda por cima roubam o desconto da folha dos seus empregados. Tramposo classe A. Dupla trapaça.

Quando falamos dos peixes grandes, esse é um tipo de regra do mercado, organizar um departamento de técnicos e contabilistas que são especialistas em fraudes financeiras, trabalhistas e sonegação de impostos. E sonegação de imposto é tipo caixa dois de empresário, dinheiro escondido no bolso pra não ser distribuído e aplicado em bens e serviços públicos. É piada de mal gosto que o patrão e o banqueiro que “brilham” pelo sucesso, os lucros e os méritos são os devedores da previdência. Mais de 450 bilhões de dívida. Pois eles fazem o buraco e querem usar a carne dos trabalhadores para tapá-lo.

Muita ladaia nessa história. Pra quem vive aqui embaixo, o ricaço que patrocina o comercial de TV e sonega impostos faz um crime imperdoável contra o bem comum do nosso povo. Uma violência de elite que joga mais povo na miséria e concentra a riqueza em meia dúzia. Mas pra justiça brasileira, mexer com isso cria “insegurança, atrapalha os negócios”.

Os juízes, os milicos e os políticos também são parte dessa turma da barriga cheia, nada preocupada com esse assunto. Eles não querem acabar com os próprios privilégios, suas gordas pensões, e outras formas de parasitismo. Estão juntos e querem acabar com a aposentadoria e os benefícos do seguro social de quem trabalha ou tá na fila do emprego. De cada 10 reais que arrecada o governo em Brasília quase a metade é desviada para juros e rendas para os bancos, esses mesmos que ano a ano faturam super lucros enquanto o desemprego e a pobreza se espalham no país. Tem pra banco e pra empresário, tem auxílio moradia e toda tipo de regalia pra juízes e políticos, e pra pagar a farra a solução sempre é uma nova lei pra pelar os direitos da massa trabalhadora.

Todo endividado sabe que o banco te morde na carne e te achaca até a alma. Os trabalhadores chilenos hoje tem um movimento em todo país que pede de volta e com urgência o regime de previdência social e solidária que os brasileiros temos. Os idosos do país vizinho tão morrendo de tanto trabalhar, afundados na pobreza e depressão, amassando o pão da desgraça pela privatização da aposentadoria.

Se é pra mudar pra valer vamos ter que começar por cima. Tem que cortar os privilégios dos juízes e políticos, a farra dos bancos e cobrar dos empresários devedores. O projeto que o governo tem pra previdência é um desmonte de direitos sociais, de uma conquista que precisa ser defendida a unha, com um movimento popular forte nas ruas, nas vilas, nos locais de trabalho, nas cidades. Junta vizinho, vizinha, colega de trabalho, gurizada que tá na trampo, avisa a geral e prepara a força pra bota na rua. A rua e a greve é que botam respeito. A previdência é dos Trabalhadores/as e não se negocia.