Desde 8 de março, trabalhadoras da educação na rede estadual de Santa Catarina estão em greve sanitária, uma greve pela vida na qual é mantido apenas o trabalho remoto.
A decisão foi tomada frente à situação de descontrole da pandemia no estado, que está testemunhando mortes por covid sem que tenham conseguido vagas de UTI. Além do colapso do sistema de saúde, as docentes denunciam que as escolas não receberam reformas ou medidas adequadas para reduzir os riscos de contágio.
Em uma carta às famílias, as professoras em greve da Escola Estadual Básica Padre Anchieta, em Florianópolis, também apontam que já houve diversos casos de covid em escolas estaduais; que o Plano de Contingência (PLANCON) não garante medidas básicas como EPIs suficientes para professoras e estudantes; e que há falta de trabalhadoras para executar e fiscalizar as medidas de distanciamento, pois não foram contratadas pessoas para essas tarefas, sobrecarregando as demais servidoras.
Apesar das graves razões que levam à deliberação por greve, o movimento tem sofrido graves ataques do poder público. Nos primeiros dias após a deliberação, a Secretaria de Educação (SED) lançou uma nota acusando a greve de ser ilegal, embora não tenha competência para fazer esse julgamento, que cabe à Justiça. Uma faixa de divulgação da greve pendurada em frente à Escola Padre Anchieta foi arrancada no primeiro dia por ordem da Secretaria de Educação (SED). Além disso, há diversas denúncias de assédio contra a mobilização, como ameaças às direções escolares para que elas enviem lista de adesão à greve para o SED.
Ainda assim, em assembleia estadual realizada ontem (24), a categoria deliberou pela manutenção da greve sanitária. Nas escolas, que estão oficialmente em modelo híbrido, a adesão às aulas presenciais costumam ser baixas e diminuíram nas últimas duas semanas, com o agravamento da pandemia. Por isso, o diálogo com as famílias e comunidades escolares é considerado estratégico. Frente ao momento de calamidade, as professoras pedem às famílias que não mandem as estudantes para o ambiente escolar e peçam para ficar apenas no ensino remoto, buscando preservar as vidas da equipe escolar, das crianças, adolescentes e suas famílias.
Confira abaixo a íntegra da carta dirigida às famílias.