Apesar do alto nível de contaminações e mortes por Covid-19 no estado de Mato Grosso, a Assembleia Legislativa aprovou um projeto que torna a Educação “essencial” durante a pandemia. A aprovação ocorre com apenas um voto contra. Na quinta-feira (15), o estado contou, em 24 horas, 72 mortes e 2.297 novas confirmações de casos, com uma taxa de ocupação de UTIs adulto em 97,21% – conforme dados da SES. Em meio a isso, deputados/a da Assembleia Legislativa autorizaram a abertura das escolas no estado de Mato Grosso.
Em um jogo de cena, a Assembleia Legislativa faz o trabalho sujo que Mauro Mendes precisava para dizer que não estava em suas mãos, atendendo o assédio do setor de grandes empresas que operam, atualmente, na Rede Básica de Ensino Privado e almejam direcionar os rumos da Rede Básica de Ensino Público. Empresários do setor foram prontamente atendidos pela Assembleia Legislativa, que fechou os olhos para o perigo e para a grave situação que o estado atravessa. Contraditoriamente, no mesmo dia em que o projeto é aprovado (14), o governador Mauro Mendes publica, no Diário Oficial, Decreto de estado de emergência em Mato Grosso, justificando que a maioria dos municípios está com classificação de risco alta ou muito alta e com UTIs na capacidade máxima. Enquanto vivenciamos as mortes e colapsos em hospitais e um decreto aponta o estado de emergência, os deputados/a estaduais se desdobraram para aprovar um projeto que ignora totalmente a realidade da Educação e da crise sanitária no estado de Mato Grosso.
As escolas de Mato Grosso, tanto redes municipais quanto rede estadual, não apresentam, em sua maioria esmagadora, nenhuma condição estrutural de manter a segurança de estudantes e trabalhadoras/es da Educação. Sem investimentos e sucateadas, essas escolas não receberam investimentos ou verbas suficientes para realizar as readequações necessárias; o governo não demonstra ações no sentido de ter um plano que contemple as medidas de segurança urgente. Durante a pandemia, muitos profissionais da educação foram obrigados a trabalhar nas escolas, mesmo sem alunos – como profissionais do apoio escolar (merenda, limpeza, vigilância) e da secretaria escolar (TAE); o resultado disso foi um número de contaminações e mortes desses profissionais que não pode ser ignorado, causando a necessidade de se fechar escolas que estavam em atendimento. Levar estudantes e trabalhadoras/es da educação para o espaço da escola, nestes meses em que as contaminações estão a todo vapor, colocará a todos em riscos maiores, aumentando as contaminações da população, uma vez que esses estudantes retornam para suas casas, fazendo circular o vírus para além dos muros escolares – aumentando o número de pessoas em utilização do transporte público e circulação pelas ruas, além do que já se pode presenciar em várias regiões da baixada cuiabana.
Sabemos que a vacina não virá tão cedo para toda a população. Mesmo vacinando trabalhadores da Educação – o que não ocorrerá com toda a categoria em peso, não agora –, estudantes e suas famílias continuam a mercê dos riscos. Em vez de estarem girando esforços para o combate real da pandemia, para a proteção da população, para buscar soluções que melhorem as condições em que o SUS trabalha neste momento, Assembleia Legislativa e o governador Mauro Mendes perdem tempo e recursos para entregar toda a comunidade escolar nos braços da COVID-19. O projeto da Assembleia Legislativa, na realidade, não trata Educação como essencial, mas sim como uma mercadoria que pode ser disposta como bem quiserem para atender aos interesses de um empresariado milionário.
Deputados e governo Mauro Mendes não priorizam vidas nem a Educação! Projeto que libera a abertura de escolas ignora a realidade e é irresponsável! É um projeto de liberação da morte!
Por isso, como comunidade escolar, precisamos dizer NÃO! Precisamos nos organizar na defesa de nossas vidas, contra aqueles que as tratam com descaso!