Da aldeia à quebrada, o EaD como ferramenta de exclusão – Pt. 5: “Nós não fomos preparados para o EaD”

Ouça o depoimento de um professor da rede estadual de São Paulo:

Em mais um depoimento da série de áudios sobre a educação digna e problemáticas do EaD e Ensino Remoto, a realidade de professores e alunos que não foram preparados para o EaD e sentem o descaso e a exclusão em um processo educacional ineficaz.

Dentre todos os dados citados até agora sobre a falta de acesso de alunos e professores, neste depoimento a realidade ampliada ganha foco e gera dados no exemplo utilizado pelo professor de Filosofia e Sociologia. A sala de 40 alunos tem no grupo de WhatsApp apenas 8 participantes, ou seja, 32 alunos estão ausentes. Dentre os 8, diversos problemas acometem a presença deste baixo número de participação dos alunos, desde celulares quebrados a falta de energia elétrica.

As ferramentas ofertadas pelas empresas de aplicativos e tecnologia como a Google têm pouco ou quase nenhum acesso, haja visto a falta de internet e também a necessidade de debates presenciais que as matérias exigem, a interatividade não ofertada pela internet, atrasa e dificulta o processo educativo.

Para além da dificuldade de acesso dos alunos, há também uma expressiva porção de professores que também possuem dificuldade com acesso e uso a aplicativos de nova geração, além também da falta de energia elétrica em bairros mais afetados pela má distribuição de recursos básicos. Professores sobrecarregados com mensagens em aplicativos como WhatsApp, que ainda assim não são suficientes para sanar dúvidas e não são a plataforma ideal para aprendizado.

Professores e alunos não preparados para o EaD submetidos a sensação de perda do ano, excesso de trabalho e preocupação. De um lado, professores pensando no futuro dos alunos sobrecarregados pela ineficiência dos governos e de outro alunos, sobrecarregados pela pressão de seus futuros. Ambos destinados a viver em uma sociedade onde a educação é tida como inimiga, e por isso deve ser combatida.

É preciso denunciar e construir base para sustentação da educação, por educação digna, por vida digna.