Da aldeia à quebrada, o EaD como ferramenta de exclusão – Pt. 2: Zona Leste de São Paulo

Imagem cedida pela professora Caroline

Ouça o depoimento da professora Caroline, da rede municipal de ensino de São Paulo (SP):

A zona Leste de São Paulo é a zona mais populosa da cidade. Abrigando um total de 3.998.237 habitantes de acordo com os dados fornecidos pelas subprefeituras no ano de 2020. Os bairros se dividem em regiões de 1 a 4 (Zona Leste 1, 2, 3, 4), porém os dados dispersos dificultam os números exatos sobre o tamanho da população periférica da zona leste que habita estes bairros.

Das periferias de São Paulo desponta a maior parte da classe trabalhadora, e por grande densidade populacional e precarização ou ausência de direitos básicos como saúde e educação, estas regiões têm de enfrentar a pandemia com pouco ou quase nenhum auxílio do estado.

Como exemplo um estudo realizado pelo Comitê Crise das Favelas da Vila Prudente, avaliou que 60% dos moradores das comunidades, perderam seus empregos durante a pandemia. Palco de diversos conflitos com violência policial e injustiça social, a Zona Leste de São Paulo também escancara a realidade dos alunos das comunidades.

Alunos sem acesso, pois as empresas provedoras de internet não distribuem sinal em regiões consideradas de “risco”, não possuem computadores, poucos possuem telefone celular, alguns alunos não são localizados, casas pequenas com alguns membros da família desempregados, irmãos mais velhos cuidando dos mais jovens e ruídos geram um ambiente de estresse e pouco aprendizado.

A zona que acorda todas as manhãs para oferecer sua força de trabalho em prol da sociedade e do estado, também é uma das zonas que tem seus direitos e os direitos de seus filhos e filhas negados, negligenciados e ignorados pelos planos de ensino a distância ofertados pelo município.