por Movimento de Organização de Base – Pará
No dia 17 de agosto, trabalhadores e trabalhadoras dos correios deflagraram uma greve por tempo indeterminado, que pode ser a maior já feita com adesão de 70% do quadro dos empregados, para barrar os mais recentes ataques da direção da empresa aos direitos conquistados a duras penas. Tais retiradas desumanas em meio a pandemia na verdade fazem parte da política de privatizações do atual governo genocida de Bolsonaro. O mais recente ataque foi a suspensão, através de uma liminar, do atual acordo coletivo que tinha vigência até 2021 o qual provocou a redução do auxílio alimentação em média de 200 reais num momento de crise econômica, sanitária e de inflação altíssima. A liminar retirou 70 cláusulas das 79 que existiam, deixando apenas o que prevê a quase extinta CLT.
Entre as cláusulas retiradas, merecem destaque o fim do direito à Licença Maternidade de 180 dias, auxílio creche, auxílio para dependentes com deficiência, indenização por morte, adicional de risco, ticket nos afastamentos por licença médica, anuênios, adicional de atividade de distribuição e coleta. Estes são apenas alguns dos prejuízos que a categoria sofrerá caso essa liminar seja julgada definitivamente favorável ao Governo pelo STF.
Vale ressaltar que, em plena pandemia, o serviço postal foi enquadrado como um serviço essencial tendo em vista que haveria uma maior demanda de vendas pela internet. Assim os trabalhadores e trabalhadoras, estiveram expostos à contaminação pelo atraso no cumprimento das medidas de protocolo de segurança sanitária que garantisse a proteção de sua saúde – e quando cumpridas sendo por força de medidas judiciais -, o que levou muitos a se afastarem dos seus postos por contaminação pelo Coronavírus e, consequentemente, contaminarem seus familiares, o que revela a falta de responsabilidade da empresa em relação à preservação da vida de seus funcionários.
O golpe do governo federal contra a categoria dos trabalhadores dos Correios nada mais é que o maior passo para a privatização da empresa, uma vez que a precarização das condições de trabalho e a redução dos direitos da classe trabalhadora desonera custos e aumenta os lucros, tornando-se mais atrativa para os futuros compradores, que certamente já são conhecidos pelos detentores das pastas ligadas à Autarquia. Houve rumores de que a gigante estadunidense UPS Internacional seria uma das interessadas na compra da estatal uma vez que Paulo Guedes teria se reunido em Davos, durante o fórum econômico mundial, com o presidente da multinacional de entregas. Abrindo caminho para a privatização o governo já prepara o marco legal do serviço postal para ser enviado ao congresso, uma manobra que abre brecha constitucional para a desobrigação da prestação destes serviços pelo estado.
O processo de sucateamento e privatização dos correios já vem desde os governos anteriores, os quais fizeram da estatal um verdadeiro cabide de emprego, indicando para dirigir a empresa seus apadrinhados políticos, os quais promoveram esquemas de corrupção, assim dando grandes prejuízos ao caixa da empresa. O último concurso público foi realizado em 2011 e, até os dias atuais, a empresa já perdeu cerca de 20 mil funcionários para a aposentadoria, sobrecarregando os que ficaram na empresa e terceirizando a força de trabalho, prejudicando as entregas para o povo e desta maneira criando na sociedade uma legitimação para privatizar a estatal.
Diante dos cortes de direitos, trabalhadores e trabalhadoras dos correios não se furtaram à luta e declararam greve por tempo indeterminado, para brigar pela manutenção do acordo coletivo e contra a privatização, sem se intimidar perante o atual governo autoritário e inimigo das classes populares. E é nesse embalo que faremos o enfrentamento, junto a toda a classe trabalhadora, contra as investidas neoliberais implementadas por este governo ou qualquer outro que se volte contra nossas condições de trabalho, renda e vida digna!