Por Repórter Popular – RJ
Depois de mais de três anos de trabalho dedicado à reforma de um espaço para abrigar seus trabalhos sociais no Morro dos Macacos, zona norte da capital do Rio de Janeiro, o Coletivo Macacos Vive realizou a inauguração oficial de sua sede.

A celebração da inauguração ocorreu neste último sábado, 15 de março, e contou com diversas atividades, como poesia, música, contação de história, exposições, e, é claro, muita festa!
O entusiasmo, no entanto, não ofuscou a reflexão crítica sobre a importância deste trabalho e o contexto de resistência no qual ele se insere. Dessa forma, toda a atividade foi marcada por uma homenagem ao menino Guilherme, criança de apenas 13 anos que participava ativamente das atividades pedagógicas promovidas pelo coletivo e tombou em 5 de agosto do ano passado, vítima da brutalidade da realidade de (in)segurança pública nas favelas cariocas.

Nesse sentido, o dia se iniciou com uma homenagem pública ao Guilherme, em frente à parede que estampa o grafite dele, além da inauguração do espaço no Centro Cultural que recebeu seu nome, a Biblioteca Guilherme Souza de Assis, que abriu com uma exposição de desenhos das crianças do coletivo em homenagem a ele.
Dentre as atividades que preencheram esse dia, destacou-se a Contação de Histórias, oferecida pela professora Anamô Soares, a oficina de poesia, dada por Damião Alfredo, e a oficina de produção de sucos naturais de fruta, contribuição de Alex.
Além disso, como não poderia deixar de faltar, ainda houve a distribuição de brinquedos para toda a criançada, que fizeram fila para receber os brindes!
O Coletivo Macacos Vive surgiu em 2020, com o objetivo de promover a comunicação social na comunidade, e desde então promoveu diversas atividades, como campanhas de distribuições de cestas básicas e kits de higiene contra o COVID-19 e a realização de eventos e debates.

Desde 2021, o coletivo organiza regularmente o treino de futsal na Arena Macacos para crianças e jovens da comunidade, promovendo o esporte, o lazer e a educação popular. Foi então que surgiu a oportunidade de construir uma sede para ampliar seus trabalhos sociais.
Nesse processo de realização de atividades e na construção do espaço através dos mutirões de reforma, esteve presente também o Movimento de Organização de Base, que está planejando, junto ao coletivo, os novos trabalhos sociais que o espaço abrigará, como o reforço escolar e as atividades da biblioteca.
Atualmente, o espaço conta com: um grande pátio externo, com um canteiro para iniciar uma horta comunitária; um grande salão com totó, mesa de serigrafia e cadeiras acolchoadas para exibições de cinema; uma cozinha equipada com fogão industrial e duas geladeiras; uma biblioteca com uma diversidade de literatura infanto-juvenil, livros de educação e uma seção de Direito; uma sala de aula com carteiras e materiais escolares; uma sala de recursos para atendimentos e reuniões; e um banheiro funcional.

Todo o período de reforma foi marcado por altos e baixos, enfrentando uma série de dificuldades devido ao estado inicial que o espaço apresentava, com problemas estruturais graves. No entanto, esses desafios foram superados pelo esforço coletivo e apoio constante de muitos que acreditaram no projeto, que objetiva construir novas possibilidades de futuro para as crianças e adolescentes do Morro dos Macacos.
Com esse objetivo sempre em mente, agora o Coletivo dispõe de um espaço dedicado à educação popular, ao fortalecimento da comunidade e à edificação de novos caminhos para o futuro dos moradores. Um lugar de acolhimento, formação e resistência.