O Centro de Direitos Humanos Maria da Graça Bráz, de Joinville (SC) emitiu uma nota na noite desta sexta-feira (12) em manifestação contrárias às políticas da Prefeitura Municipal para a gestão da crise da Covid-19.
O governo do prefeito Adriano Silva (Novo) é contrário ao lockdown, ou seja, o fechamento dos serviços não essenciais, também flexibilizou diversos serviços após assumir a prefeitura, em janeiro de 2021, e agora, com o pior momento da pandemia, fechou dez postos de saúde.
“Vem ignorando sumariamente o quadro de calamidade pandêmica que se instalou em Joinville, assim como em todo o Brasil. O colapso do sistema de saúde, previsto, alertado e agora instalado está sendo tratado com medidas paliativas, arbitrárias e sem a devida transparência”, afirma a entidade em nota.
O texto em repúdio aos sucessivos erros do prefeito do Novo, principalmente ao conduzir a crise da Covid-19, veio com o anúncio sobre as mudanças no atendimento da saúde da cidade, realizado nesta sexta-feira. A partir de agora, o Pronto-Atendimento (PA) da região Sul passaria a funcionar temporariamente como hospital de campanha, assim como o PA Leste, e as Unidades Básicas de Saúde (UBS), a atender os casos de emergência e urgência. Para dar conta da demanda, dez postos de saúde serão fechados e equipes transferidas para onde há mais pacientes.
Para “lidar” com a situação de caos na cidade, o prefeito ignora que há um ano vivemos em pandemia e conta com “a boa vontade” da população, que pode se candidatar para atuar na linha de frente da pandemia de forma voluntária. Atualmente, o município contrata médicos intensivistas, mas enfermeiros, técnicos de enfermagem, copeiras, entre outros cargos, continuam sendo ignorados, trabalhadores remanejados, assim como a população, que terá que se aglomerar em um poste de saúde que foi construído para atender a um bairro e não três.
Confira a nota de repúdio completa do Centro de Direitos Humanos
Contra a ineficiente gestão da crise pandêmica por parte do Poder Público Municipal em Joinville
O Centro dos Direitos Humanos Maria da Graça Braz (CDH) vem manifestar sua veemente discordância com a postura do prefeito de Joinville, Adriano Silva, que vem ignorando sumariamente o quadro de calamidade pandêmica que se instalou em Joinville, assim como em todo o Brasil.
O colapso do sistema de saúde, previsto, alertado e agora instalado está sendo tratado com medidas paliativas, arbitrárias e sem a devida transparência. É o caso das ações que foram anunciadas neste dia 12/03 onde, entre outras coisas, o prefeito decreta o fechamento de diversas Unidades Básicas de Saúde (UBS) pelo período de dois meses, sob a justificativa de incrementar o atendimento às vítimas de COVID em outras unidades de saúde do município.
Esta decisão, adotada unilateralmente por Adriano Silva e seus gestores de saúde é insuficiente para minimizar a crise, humanizar o atendimento e nada tem a ver com uma política de interrupção e contenção da contaminação comunitária em Joinville.
O cenário de colapso total do sistema de saúde, seja público ou privado é macabro!
As pessoas estão morrendo nos corredores dos hospitais sem que tenham a oportunidade de receber o devido tratamento, estão morrendo cruelmente sufocadas pela falta de ar.
Ao mesmo tempo, não há perspectiva de superação do déficit de leitos, equipes e equipamentos sem a cessação do contágio em massa que se desencadeou no último mês.
Apesar das reiteradas recomendações de técnicos, órgãos de controle e especialistas, fundamentadas em dados e referências científicas, que apontam a necessidade imperiosa de adoção de restrições de lockdown para quebrar o ciclo de transmissão do vírus, o Poder Público insiste em praticar uma política de restrição intermitente que não apresenta resultados aceitáveis e, como se não bastasse, decide fechar UBS nos bairros sem antes apresentar os dados que sustentam epidemiologicamente esta decisão, bem como sem qualquer debate comunitário.
Além disso, é importante registrar que trabalhadores/as e servidores/as da saúde e também da educação não podem mais educar e cuidar em condições de altíssimo risco e de comprometimento físico e mental, submetendo-se todos os dias ao risco de morte.
Diante de tantas mortes, desespero e dor é impossível não se indignar e exigir que a vida se sobreponha incondicionalmente ao lucro, ao poder econômico e que o Estado cumpra com zelo e qualidade o papel que dele é esperado por força de lei.
Por esta razão, o CDH repudia as ações do prefeito Adriano Silva e exige que, com urgência, reverta as medidas que decretam o fechamento de unidades de saúde sem o devido debate junto a comunidade e principalmente, sem a devida determinação de lockdown pelo período contínuo de 14 dias na cidade.
Sabemos que a medida acarreta prejuízos para toda a sociedade, porém, não há outra maneira
de conter o avanço da crise sanitária descontrolada que, por isso mesmo, exige a presença forte do gestor público, sob pena de falhar em sua missão constitucional.
Joinville, 12 de março de 2021.