Centro Acadêmico de Letras UFPR convoca campanha em defesa da pesquisa científica nacional

O Centro Acadêmico de Letras da Universidade Federal do Paraná (CAL UFPR), em conjunto com estudantes da graduação e da pós-graduação em Letras, convoca toda a comunidade acadêmica brasileira para construir a Campanha: A Ciência é do Povo! O objetivo da campanha é divulgar virtualmente, por meio de imagens e vídeos curtos com linguagem acessível, pesquisas científicas que estejam relacionadas a demandas sociais e populares, mostrando o quanto o conhecimento produzido nas Universidades impacta na vida do povo.

A Campanha: uma resposta aos ataques

A Campanha é uma resposta aos recentes ataques à pesquisa científica nacional, tais como a Portaria 34/2020 da Capes que altera as regras de distribuição de bolsas de pós-graduação, permitindo que os programas com notas menores sofram maiores cortes, e a nova seleção de bolsistas de iniciação científica do CNPq que contempla apenas as Áreas de Tecnologias Prioritárias (Estratégicas, Habilitadoras, de Produção, para Desenvolvimento Sustentável e para Qualidade de Vida). Os projetos de pesquisa básica (que inclui exatas não aplicadas), humanidades e ciências sociais apenas serão considerados prioritários na medida em que colaborem para o desenvolvimento dessas áreas; ou seja, em sua grande maioria, serão excluídos. 

Além de contribuírem amplamente para o desenvolvimento científico nacional (pilar importante de soberania de um país), as bolsas de pesquisa na graduação e na pós garantem a permanência de diversos estudantes pobres nas Universidades, mesmo que seus valores estejam bastante defasados – um graduando bolsista do PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica) recebe R$ 400 mensais, ao passo que um mestrando bolsista da Capes recebe R$ 1,500 e um doutorando R$ 2,200. 

Ambas as medidas foram publicadas em um período que o isolamento social se torna essencial no combate à pandemia de Covid-19 – portanto, as atividades presenciais das Universidades estão suspensas – limitando, assim, as estratégias de enfrentamento aos ataques. Isso demonstra que, mesmo em meio à séria crise sanitária em que vivemos, o Governo Federal não recua em seu papel de inimigo da Ciência e das Universidades. 

Nesse contexto, é fundamental que a sociedade perceba o quanto o conhecimento produzido dentro das Universidades Públicas contribui em suas vidas e que os ataques contra elas são ataques contra toda a sociedade. Contudo, essa contribuição muitas vezes acaba invisibilizada por aqueles que querem deter um monopólio sob a produção de conhecimento. Como afirma o Manifesto da Campanha A Ciência é do Povo:

Acreditamos que todos os tipos de conhecimento têm uma coisa em comum: eles são construídos coletivamente. Não há uma forma de conhecimento que não tenha passado por mais de uma mão. Ainda assim, historicamente, a Ciência foi roubada do povo e o conhecimento produzido popularmente foi sistematicamente desprezado, invisibilizado ou até mesmo perseguido. Por isso, nós não desejamos apenas produzir conhecimento para o povo, mas também que o povo tenha cada vez maiores condições de acesso e permanência na Universidade para construir suas próprias formas de conhecimento – condições que foram ampliadas nos últimos anos pelas políticas de cotas e de assistência estudantil, mas que precisam se generalizar cada vez mais, inclusive nos Programas de Pós-Graduação. Nós queremos uma Universidade pintada de povo, com todas as suas cores, etnias, nacionalidades, identidades de gênero, orientações sexuais, faixas etárias, configurações familiares, religiões, diversidades psicomotoras, etc. Não queremos uma Universidade para as elites e nem uma Universidade que concilie interesses contraditórios (que, simultaneamente, favoreça o agronegócio e a agroecologia, por exemplo). Queremos uma Universidade e uma Ciência Populares!”. 

O Centro Acadêmico de Letras dará início à Campanha divulgando pesquisas desenvolvidas por estudantes e professores das áreas de Letras e Educação da UFPR, mas convoca outros cursos, setores e Universidades de todo o Brasil a somarem-se à luta, além de se dispor a ajudar os interessados na criação de conteúdo virtual.

O principal critério para adesão à Campanha é o desejo de democratizar os conhecimentos desenvolvidos pela Ciência e de disseminar pesquisas que atendam às demandas sociais e populares e não aos interesses do mercado. Nesse sentido, não podemos olhar para as pesquisas através de uma ótica mercantil, que define seus méritos pela sua capacidade de comercialização. Como diz a música: “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”! Literatura, cultura, arte, formação humana, etc. muitas vezes não são vendáveis aos olhos do mercado, mas também alimentam o povo”. 

Leia o Manifesto completo da Campanha aqui: A Ciência é do Povo!: abre.ai/manifestocampanha

Acompanhe o CAL nas redes sociais:
Facebook.com/CAL.UFPR
Instagram.com/CALUFPR