Ato de solidariedade marca um ano de ataque com veneno em assentamento

No dia 15 de dezembro, ocorreu um ato de solidariedade às famílias atingidas pela deriva da pulverização aérea de agrotóxicos, no Assentamento Santa Rita de Cássia II, em Nova Santa Rita (RS). Com mais de cinquenta pessoas presentes, entre pesquisadores parceiros, apoiadores, representantes de organizações, coletivos, ONGs e diversas entidades da sociedade civil, o encontro se deu aos pés de uma grande e antiga figueira, onde as pessoas presentes formaram uma grande roda. Ao pé da árvore, alimentos agroecológicos produzidos pelo MST eram exibidos junto a duas foices, representando a luta por alimento saudável e acessível para o povo, terra para quem nela trabalha, e simbolizando também a resistência ativa de quem peleia por um mundo mais justo apesar dos ataques do agronegócio, do Estado genocida e do capital.

Reproduzimos abaixo o comunicado das famílias assentadas de Nova Santa Rita e Eldorado do Sul:

Sob a sombra de uma figueira centenária, nós, famílias, assentadas de Nova Santa Rita e Eldorado, reafirmamos nosso compromisso com o futuro, contra a pulverização aérea de agrotóxicos e com a produção de alimentos saudáveis para toda a sociedade em defesa da vida e dos territórios.

No decorrer deste 1 ano de resistência, tivemos muitas percas materiais, de saúde, de ânimo. Mas também tivemos muitos aprendizados e muita solidariedade, fator fundamental para não sermos esmagados pelos bombardeios químicos, bem como a auto organização das famílias atingidas com o conjunto da sociedade, consumidores, apoiadores, órgãos e setores comprometidos com a diversidade e com a defesa da vida e dos biomas.   Muitas ameaças e dificuldades atravessaram nossa trajetória, mas para quem constrói o caminho desafiando a ordem capitalista, contra a monocultura e os transgênicos, resistir é a única maneira de sobreviver.

Nesse sentido, para o próximo período o desafio é maior, caminhar com passos firmes ampliando e fortalecendo nossas alianças com a sociedade rumo à construção de um POLÍGONO, onde a real proteção de áreas de produção agro-ecológica sejam incluídas, assim como territórios indígenas e ancestrais. A maior lição que está comprovada por fatos e registros oficiais é que ter apenas a Regulamentação da Pulverização aérea não basta, e que a luta continuará pela real proteção dos povos, dos ecossistemas e mananciais de águas.  Bem como a garantia da alimentação saudável para o conjunto da sociedade.

Temos feito importantes alianças, e assim continuaremos de pé, com o punho erguido contra o Agronegócio e seus cúmplices!

O destaque do encontro do dia 15 de dezembro é o engajamento da sociedade preocupada em gerar e organizar ações que restrinjam a contaminação de milhares de pessoas todos os dias através da água e dos alimentos, que nem sequer sabem disso. Há uma forte unidade em relação à urgência de efetivar o polígono de proteção permanente com benefícios reais para o conjunto de toda a sociedade. E como alguém citou ontem, a luta e a esperança contagiam. Iniciemos o ano com esta expectativa de  avançar em defesa da vida e do ambiente saudável.