Na noite de quarta-feira, 17, estudantes de diversos cursos da Univille e Udesc fizeram uma manifestação contra Jair Bolsonaro, em Joinville (SC). O ato foi convocado pelo Centro Acadêmico Livre de História Eunaldo Verdi (Calhev), em parceria com o Diretório Acadêmico Nove de Março (Danma). Estudantes decidiram em assembleia na quinta-feira, 11, como seria a organização.
Com a faixa “Estudantes pela Democracia” na frente, os gritos de luta “ditadura nunca mais”, “os estudantes não precisam de você”, “ele não” e “se cuida seu machista, a América Latina será toda feminista” ecoaram nos corredores.
O ato percorreu o campus da Univille, passando por vários blocos, incluindo o do curso de Direito. Nas falas, manifestantes explicaram que o ato serve para mostrar resistência ao ódio.
A manifestação seguiu até o campus da Udesc, onde alunas puxaram o grito “Ô Bolsonaro, pode esperar, as fraquejadas é que vão te derrubar” e “Fascistas, machistas, não passarão”, estudantes passaram ao lado das salas de aula.
Após, os estudantes voltaram à Univille e se concentraram em frente à reitoria, onde gritaram que não deixarão “o ódio tomar conta de suas vidas, censurar professoras e destruir tudo o que estudantes de luta estão construindo”.
Além das assembleias e manifestações, estudantes também estão criando um material para dialogar com pessoas que defendem Jair Bolsonaro ou estão indecisas. A cartilha pretende explicar os riscos que o plano de governo do militar apresenta para a população.
Para os estudantes, o ato teve saldo positivo. “Foi muito gratificante ver a união dos estudantes de vários cursos, nossa resistência foi escancarada para a Univille e a Udesc. Seguimos na luta”, disse Evelyn de Jesus, acadêmica do Centro Acadêmico de História.
Nas redes sociais, o Danma publicou uma nota oficial sobre as eleições e os riscos que Jair Bolsonaro traz a democracia. Confira na íntegra:
O DANMA – Diretório Acadêmico Nove de Março vem, através desta nota oficial, se declarar abertamente um diretório com princípios democráticos e antifascistas. Nosso diretório defende a gratuidade do ensino como maneira de universalizar o conhecimento, utilizando de técnicas modernas de aprendizagem de ciências exatas e humanas, modelando a educação através de princípios técnicos, humanos e de formação de caráter cívico. Defendemos, ainda, que a violência jamais deve substituir o diálogo e o debate.
Desta forma, repugnamos toda e qualquer candidatura que pregue a violência, o ódio e mentiras. Repugnamos candidatos abertamente preconceituosos, com declarações racistas, machistas e homofóbicas. Repugnamos candidatos que se escondem do debate de ideias e não tenham propostas concretas para a educação pública e o mercado de trabalho, que é onde este Diretório mais precisa focar para validar seus deveres com os estudantes.
Entendemos que a gravidade da conjuntura nos faz ter que pedir a melhor análise de nossos estudantes sobre o voto. Este direito de escolher nossos representantes nos foi dado depois de muita luta e sangue. Não podemos abrir mão da democracia em troca de promessas vazias e frases prontas.
Pedimos ainda que haja serenidade neste momento polarizado, visto que em outros Centros da Instituição e em outras universidades espalhadas por nosso país já foram reparadas agressões verbais e físicas. Não toleraremos que substitua-se o diálogo pelo uso da força, e nos colocamos à disposição para ouvir e ajudar em qualquer caso de violência.
Nossa universidade, nosso estado e nosso país merecem respeito. Vamos refletir sobre propostas sem nos deixar levar por discursos fáceis. Este Diretório nasceu como uma forma de resistir ao regime da ditadura militar e já foi ameaçado e censurado.
Não vamos regredir. Não vamos voltar ao passado. #EleNão
Joinville, 13 de outubro de 2018
DANMA – Diretório Acadêmico Nove de Março