Às vésperas de Natal, jovem Remís Carla é encontrada sem vida

Nas vésperas de natal, uma triste notícia vem ganhando repercussão: a morte da jovem Remís Carla da Costa, assassinada por seu ex-namorado. Mais uma vítima do feminicídio no Brasil, país que tem a quinta maior taxa do crime no mundo.

Remís, 24 anos, estudava pedagogia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e era conhecida por seu engajamento nas lutas sociais. Era professora em escolas da periferia do Recife, e militava nos movimentos Movimento Feminino Popular (MFP) e Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR).

Desaparecida desde o dia 17 de dezembro, foi encontrada sem vida no dia 23, às vésperas de Natal.
O assassino foi seu ex-namorado, Paulo César de Oliveira Silva que a asfixiou e enterrou seu corpo num terreno próximo de sua casa. Paulo confessou o crime e alegou “ciúmes”.

No dia 21 de novembro, Remís havia procurado a Delegacia da Mulher e chegou a receber medida protetiva. Segundo a polícia, Paulo “não foi encontrado para assinar a notificação”.

Feminicídio

O Feminicídio o crime de homicídio doloso (quando há intenção de matar) praticado contra a mulher, por esta pertencer ao gênero feminino. Com a Lei 13.140, aprovada em 2015, o feminicídio passou a constar no Código Penal brasileiro.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de feminicídios no mundo chega a 4,8 para cada 100 mil mulheres. Muitas vezes, o crime é cometido pelos próprios familiares (50,3%) ou parceiros/ex-parceiros (33,2%).

Segundo o Dossiê Mulher 2015, as mulheres negras são as principais vítimas, representando 62,2% dos crimes. Dados do Mapa da Violência 2015 mostram que o número de feminicídios contra brancas caiu, já o assassinato de negras aumentou: em 2003, morreram assassinadas 23% mais negras do que brancas. Ao longo dos anos, o índice cresceu, chegando em 2013 a 67%.

O assassinato da jovem militante Remís Carla é um alerta sobre urgência do combate ao machismo na sociedade. O Repórter Popular se solidariza com a família, amigas, amigos, companheiras e companheiros de Remís e de todas as vítimas de feminicídio em nosso país.