A onda de suspense em Cortina Rasgada, de Alfred Hitchcock

Como não poderia ser diferente em um filme de Hitchcock, o mestre do suspense, Cortina rasgada é daqueles longas de seguidas reviravoltas que prendem o telespectador até o final. Antes, contudo, de comentar alguns aspectos dessa obra, vale dar um panorama da filmografia do diretor, que gravou durante meio século, tornando-se um dos principais nomes da sétima arte.

Alfred Hitchcock filmou pela primeira vez em 1922, período entre-guerras, contaminado, por isso, pela estética do Expressionismo alemão – qual não foi nossa surpresa quando assisti a O pensionista, de 1927, filme cujo diálogo era com M, o vampiro de Dusseldorf, Metropolis, Nosferatu e por aí vai. Curiosamente, Hitchcock encerra sua carreira na década de 70, em plena Guerra Fria, o que lhe possibilitou novamente encarar uma atmosfera de mistério e violência do mundo real, transfigurada para seus filmes.

Nosso filme em questão, Cortina rasgada, é de 1966, portanto, se trata do Hitchcock na sua derradeira fase, já tendo gravado obras-primas como Um corpo que cai (1958), Psicose (1960), além de outros grandes filmes, como Janela indiscreta (1954), Festim diabólico (1948). Cortina rasgada é a história de um professor de física que viaja a um congresso em Copenhague. O longa vai desvelando-se aos poucos, podendo ser dividido em dois plot twists (virada brusca da narrativa): o primeiro quando, ao que parece, o professor Michael Armstrong (Paul Newman), estadunidense, se mostra como um traidor da pátria, querendo vender seus conhecimentos sobre armas anti-mísseis para a Alemanha oriental.

O desenrolar da narrativa é cheio de idas e vindas, segredos e mistérios narrados com calma pelo diretor até o momento do segundo plot twist, que, para não entregarmos o filme, descobrirá o leitor e a leitora quando assistirem ao filme. O longa está recheado de cenas hitchcokianas, com o perdão a redundância, como o fatídico trajeto do ônibus clandestino, filmado longamente e com excelência, criando a atmosfera de suspense em cada olhar, em cada quadro, em cada diálogo. Ou ainda no próprio ingresso de Armstrong na universidade alemã, repleta de tensões pela época de auge de Guerra Fria.

Se o telespectador prestar bem atenção, verá aquela brincadeira corriqueira de Alfred Hitchcock de aparecer como figurante numa cena. Esta, além da marca de ser “o mestre do suspense”, estão presentes nesse bom filme do cineasta inglês, que gravou por meio século a agonia e a violência, com seu toque peculiar, que caracteriza o século 20.

Texto escrito por Evelin Padilha Vigil e Rodrigo Mendes.