A Luta pela Saúde Indígena no Oeste do Paraná

No dia 08 de março de 2019, na Terra Indígena Rio Das Cobras, localizada entre os municípios de Nova Laranjeira Br 277 e Espigão Alto Do Iguaçu Pr 473, no interior do estado do Paraná, os indígenas de etnia Kanhgág e Guarani Mbya mobilizaram-se em defesa da saúde indígena. Num contexto nacional em que as medidas tomadas pelo governo Bolsonaro prejudicam e precarizam ainda mais o acesso à saúde pelos povos indígenas.

Pelo entendimento das lideranças indígenas na T.I Rio das Cobras, o atual Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandeta descumpriu as normas vigentes em nosso país, principalmente da convenção 169 OIT, que reconhece a participação direta dos indígenas na gestão de seus territórios. Segundo o líder indígena Neoli Kafy Olibio “As medidas tomadas por ministro da saúde Luiz Henrique Mandeta não está cumprindo os direitos já garantidos na constituição federal do país, onde a lei 9.836 de 1999, onde diz, cabe a União financiar e manter com seus próprios recursos as instituições envolvidos na saúde indígena, no mesmo pode haver a extinção do Secretaria Especial da Saúde Indígena (SESAI)”.

Assim, compreende-se que os atendimentos que eram realizados antes nos postos dentro das comunidades, agora na vigência do atual governo federal, seriam encaminhados aos municípios, onde o atendimento já é precário. Os indígenas acabariam engrossando ainda mais as filas para as consultas, pois os sistemas de saúde dos municípios não estão preparados para receber os povos indígenas. Tendo esta visão de discordância com o Ministro da saúde, o cacique kaingang Angelo Kãvig Rufino, o líder guarani Ananias Verissimo, o Vice cacique kaingang Adão Kakag Paulista e outras lideranças das comissões das 8 aldeias se reuniram com as comunidades e decidiram que no dia 08 de março de 2019 seria realizado o fechamento da BR 277 e da PR 473.

Por mais de quatro horas as estradas ficaram totalmente paralisadas. O ocorrido aponta o único caminho possível: a ação direta das comunidades para enfrentar o governo autoritário e racista de Jair Bolsonaro, que vem com unhas e dentes querendo destruir a cultura e o modo de vida dos povos indígenas, seja através da abertura dos territórios para a exploração das mineradoras e pelo agronegócio,
seja através da maldosa decisão do ministério da agricultura na gestão do tema das demarcações das áreas indígenas, seja pelo desmonte da FUNAI, seja com esse intento de acabar com a Saúde indígena repassando a municípios as responsabilidades, hoje, da SESAI. Destacou-se a fala do indígena Sebastião Tavares sobre o grave momento “Será a briga que nós indígenas temos que enfrentar nesse ano, que os espíritos dos nossos ancestrais estejam com nós, e aqueles que apoiam a resistência indígena serão bem-vindos”.