Esses dias vi uma postagem que listava os cinemas de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Havia quase 40 empreendimentos cinematográficos em diversos pontos da cidade. Hoje em dia há pouquíssimos cinemas e/ou salas de cinema fora dos shoppings, que estão mais ou menos próximas ao centro da cidade.
Em vários textos aponto para o fato de que os cinemas comerciais – em shoppings – exibem megaproduções, que tem muita bilheteria e ocupam boa parte das salas e de tempo em cartaz. Resta pouco ou nenhum espaço para filmes mais independentes, autorais, que fogem à lógica do filme mais clichê – não que todas as megaproduções sejam assim, mas por falta de espaço neste texto a generalização acaba sendo inevitável.
Em Porto Alegre, hoje, abril de 2022, temos 4: o Guion, a Cinemateca Capitólio, a Sala Redenção e o CineBancários. O Guion é o mais comercial destes, mas ainda sim um cinema com charme de cinema de rua, sala de cinema antiga com poucos lugares – devem caber umas 50 pessoas no máximo –, e que exibe filmes menos comerciais. A Cinemateca Capitólio é como a Sala PF Gastal, que está interditava há anos na Usina do Gasômetro: exibe filmes em mostras de cinema, filmes antigos, faz parcerias com consulados e traz cópias raras de filmes, tem a Sessão Plataforma, que é uma exibição única de um filme que não foi exibido no circuito comercial da cidade, tem o Projeto Raros, que como o nome diz, traz filmes raros, muitas vezes até sem legenda em português, proporcionando uma experiência única. A Sala Redenção é a representante do nosso cinema universitário e passa mostras de filmes interessantíssimas – este ano está de aniversário, completando 35 anos de existência. O CineBancários é a sala de cinema no Sindicato dos Bancários, que passa muitos filmes nacionais independentes e outros à margem do circuito comercial.
Essas salas fazem com que o espectador saiba que há mais cinema do que o circuito viciado de que falei na última coluna faz parecer. Infelizmente, esse tipo de filme dá menos retorno financeiro, e por isso são rejeitados pelos cinemas comerciais. Nessas salas alternativas temos uma experiência diferente do que é assistir a um filme com pessoas em geral apaixonadas por cinema do teu lado. Confiram!
Rodrigo Mendes