Diretório do Instituto de Biociências elabora manifesto à Comunidade Acadêmica da UFRGS

Estudantes do curso de Biologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) elaboram manifesto à Comunidade Acadêmica da universidade. Nele, críticas à gestão atual da Reitoria, além de um panorama dos cortes em diferentes escalas e segmentos da sociedade, convocam as e os estudantes de diferentes cursos à unificação da luta. Abaixo, confira o manifesto na íntegra.

 

Manifesto do DAIB à Comunidade Acadêmica da UFRGS:

Nós, estudantes de Ciências Biológicas da UFRGS organizados através do Diretório Acadêmico do Instituto de Biociências (DAIB), viemos por meio deste manifesto denunciar à toda comunidade acadêmica da UFRGS a falta de transparência da Reitoria com os estudantes e seu caráter autoritário na hora de decretar, sem qualquer debate real com os maiores interessados, medidas que atacam diretamente estudantes e trabalhadores.

Após a absurda aprovação da Reforma trabalhista, a qual faz desmoronar um grande histórico de conquistas realizadas pelos/as trabalhadores/as brasileiros/as, o governo de Temer já deixa explícita a sua intenção de destruir, também, o Ensino Superior público. Satisfeito com a precarização das condições de trabalho, menos ainda interessa a ele a educação dos/as trabalhadores/as.

Reconhecemos nossa parcela de responsabilidade em denunciar os ataques aos trabalhadores terceirizados, que estão sendo os primeiros a sofrerem as consequências. O das cozinhas dos RUs do centro, Vale e Agronomia faz com que haja uma demissão em massa desses/as trabalhadores/as. Em sua maioria, mulheres negras, as quais já ocupam a camada mais explorada e oprimida da sociedade. A elas é conferido o setor de trabalho mais precário e explorado também dentro da universidade. As que fazem de 4-6h diárias acabam por ter um horário de trabalho que as impede de conseguir fazer a refeição a tempo no RU. Ainda tendo que sustentar suas famílias com baixíssimos salários, constantemente parcelados, elas passaram a ter que pagar absurdos R$ 9,10 para poder se alimentar, enquanto seu vale alimentação cobre apenas R$ 7,50, e por isso já estão tendo problemas para se alimentar, passando dias sem comer o almoço. Mesmo assim, o Reitor já afirmou que nem os salários e nem o vale irão aumentar.

Os estudantes também já estão sofrendo as consequências de tudo isso. A PEC do teto de gastos, a qual levou a ocupação de milhares de instituições de ensino em todo o Brasil, traz a nós uma enorme gama de retrocessos: de problemas como falta de moradia e escassa assistência estudantil, até cortes milionários na área da educação que fazem retroceder as políticas de auxílio e permanência na universidade. Apesar dos preços de atividades básicas como alimentação, moradia e transporte público estarem subindo constantemente, as bolsas PRAE seguem sem reajuste desde 2010. Entretanto, a reitoria se poupou da responsabilidade de atualizar o valor das bolsas reduzindo as 20h semanais para 16h. Com essa situação, muitos/as estudantes se veem obrigados/as a abandonar a Universidade, pois é impossível sustentar-se e permanecer estudando com apenas 400 reais.

Os recentes ataques contra os terceirizados são, com certeza, apenas o início de uma grande ofensiva. Pelo país, outras universidades que passam por crises mais prolongadas como a UFMG, a UFPEL e a UFRN adiantam o cenário que se aproxima da UFRGS: mais demissões em massa, parcelamento de salário de professores e servidores, cortes em benefícios para estudantes e até mesmo o fechamentos de cursos inteiros.

Os professores estaduais mostram o caminho para enfrentar ataques desse cunho: após receberem míseros R$ 350, professores de centenas de escolas do estado vem paralisando suas atividades e fazendo grandes manifestações, com forte apoio dos estudantes. Assim, eles mostram o grande potencial de uma luta unificada, organizada e com ação direta.

É necessária a manifestação de cada Entidade Estudantil dentro da Universidade. Convocamos os Diretórios e Centros Acadêmicos a organizar e mover, pela base, ações e discussões onde se possa encaminhar medidas concretas de luta, junto com os demais setores atacados. Que a luta em solidariedade às trabalhadoras e aos trabalhadores terceirizados e em defesa da Assistência Estudantil nos impulsione para o combate organizado ao conjunto de precarizações planejado pelos de cima para a Universidade e para a Educação Pública.

Diretório Acadêmico do Instituto de Biociências (DAIB).