Movimento Olga Benário indigenas

Ocupação Maloca UFPR exige que movimento Olga Benário se retire de imóvel destinado à moradia indígena

Foto da capa: Lucas Botelho/BDF

Por Repórter Popular PR

No dia 1 de maio, o movimento de mulheres Olga Benário do Paraná, ligado ao partido Unidade Popular (UP), ocupou um imóvel que atualmente é destinado à casa de moradia estudantil indígena da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O local estava em reforma quando foi ocupado e, desde então, passou a abrigar a “Casa de Referência à Mulher Rose Nunes”.

O imóvel fica situado no bairro São Francisco, em Curitiba (PR), e só foi cedido para moradia indígena após uma grande mobilização feita pelo Coletivo de Estudantes Indígenas (CEIND-UFPR) em 2024. Na época, os estudantes indígenas passaram meses mobilizados na reivindicação por permanência estudantil e, entre as ações de luta, ocuparam o DCE da UFPR.

Depois de muita pressão do CEIND, o governo do Estado acabou cedendo o imóvel para a UFPR fazer uma moradia para universitários indígenas. Esse acordo foi firmado em dezembro de 2024, quando houve o comprometimento da Universidade em entregar o local reformado em 2025. Assim, o imóvel, que fica na Rua João Manoel, 140, passou a ser uma conquista da luta do movimento estudantil indígena e foi chamado de Ocupação Maloca UFPR.

Entretanto, há 6 dias, o local foi ocupado pelo movimento Olga Benário sem qualquer diálogo ou articulação com os estudantes indígenas. Essa ocupação causou a revolta do CEIND, que exige o imóvel seja desocupado imediatamente para que a reforma seja retomada e entregue no mês de julho, conforme o prometido pela UFPR.

Movimento Olga Benário indigenas
Foto: reprodução redes sociais Movimento Olga Benário

Ignorando o fato de que se trata de uma moradia estudantil indígena, o movimento de mulheres informou que ocupou o local porque a Universidade teria abandonado a reforma. A Reitoria da UFPR, por outro lado, alega que as obras foram paralisadas devido à ocupação pelo movimento Olga Benário, embora não tenha tomado providências diante da situação.

Ao Repórter Popular, estudantes indígenas informaram que são contrários à ocupação e também alertaram que a Universidade não cumpre com o cronograma que anunciou. “O cronograma da UFPR ficou bonito no papel, mas o feio está nas postagem publicadas, nas fotos montadas e numa linha do tempo que só existe nas redes sociais. Enquanto isso, nossas vidas seguem atravessadas pela espera, pela negligência com a segurança, ausência de placa de reforma e pela falta de continuidade real da obra desde a nossa última visita, em fevereiro”, relatam.

Em relação à ocupação pelo movimento Olga, afirmam que nada justifica e pedem que se retirem. “Elas não nos contataram e não unificamos as lutas. Nós respeitamos as lutas de todos, mas não dentro da nossa casa. Iremos nos reunir com elas para saber sua posição, pois a nossa posição está dada e elas precisam sair. Nós, acadêmicos indígenas, estamos sem casa, sem moradia e sem recursos para continuar na graduação, elas precisam ocupar outro lugar”, completam.

Através de nota divulgada nas redes sociais, o CEIND UFPR afirmou que repudia a ocupação e a postura do movimento de mulheres ligado à UP. “Repudiamos a postura do Movimento Olga Benário, que afirmou desconhecer nossa luta e, com isso, reforça o apagamento histórico das pautas indígenas, repetindo um processo de invisibilização que ocorre desde a colonização do Brasil”.

 

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *