Por Repórter Popular – RS
No dia 13 de abril de 2025, coletivos culturais se encontraram para celebrar, produzir peças artísticas e debater sobre a situação da cultura em Novo Hamburgo (NH). O evento iniciou com oficinas de zine, colagem e exposição cultural, entre outras atividades de confraternização. Depois, um debate foi proposto com o objetivo de realizar novas atividades e pensar em ações e possibilidades de articulação dos coletivos e dos artistas, assim como de outras pessoas independentes, para a cultura na cidade. Um sarau estava previsto para finalizar o dia, mas não foi possível por questão de tempo.
O evento foi organizado no espaço da Associação Cultural Casa da Praça, visando a promoção de atividades culturais e debates de articulação e ação de cultura no município de Novo Hamburgo. Um dos coletivos presentes, o Noia Arte, vem realizando há dois anos eventos de cultura na praça Di Mello, um local que abriga a cena da cultura hip hop, do skate, do rap e outras expressões culturais. Além disso, os participantes deste coletivo atuam na educação social e popular, realizando atividades educativas com crianças e adolescentes, entre outras ações em apoio à cultura da cidade e à comunidade em geral.
A Associação Cultural Casa da Praça é uma ocupação cultural, gerida por um coletivo gestor, onde se encontram coletivos e artistas independentes. O grupo já teve diversas formações e hoje é tocado por artistas que se dedicam ao cuidado da casa e às produções artísticas particulares ou coletivas, visando também a gestão e manutenção do espaço. O espaço é hoje um Ponto de Cultura! Atividades das artes plásticas como produção de esculturas, pinturas, graffiti, e outras são realizadas pelos artistas, além do incentivo e apoio à produção e organização da cultura em Novo Hamburgo.
Num primeiro momento, houve um espaço de troca e intercâmbio entre as pessoas presentes, através de um almoço coletivo, música e oficinas artísticas. Foi feita a exposição de materiais diversos, produções foram feitas em oficinas de colagem, por exemplo.
Artistas realizaram também a continuidade do trabalho artístico nas paredes externas da Casa da Praça, espaço que tinha sido destinado como uma escola e hoje abriga o espaço cultural.
Após esse momento mais lúdico, os coletivos e pessoas independentes, artistas e outras, se reuniram para debater a questão cultural do município. Algumas ideias foram ponto de partida, desde o recente anúncio da prefeitura em encerrar os trabalhos da orquestra de sopros de Novo Hamburgo, mas também o desejo em comum de elencar novas possibilidades de organização e resistência por parte de coletivos e artistas.
No debate, falou-se acerca da ideia muitas vezes supervalorizada de certas expressões culturais, e que a orquestra é apenas um desses pontos. Um olhar direcionado para isso gera o apagamento de certas culturas como o hip hop, o samba, o circo, o teatro popular e outras tantas formas de expressão cultural, muitas vezes apagadas e desvalorizadas.
O debate gerou algumas proposições de articulação e ações coletivas, que vão desde ações artísticas coletivas, formas de apoio coletivo à cultura de NH, como também possibilidades de organização de protestos e resistência política; proposta de novos encontros e convite a outros coletivos para compor o movimento cultural; o acompanhamento do trabalho do Conselho Municipal de Cultura e certas questões em andamento no âmbito institucional.
O encontro finalizou com uma possibilidade de linha de ação em torno da audiência pública sobre cultura; o dia 1º de maio como dia de luta das pessoas trabalhadoras (sendo artistas parte dessa classe); e uma pauta de reivindicações em torno dos embates que se tem travado no município sobre a manutenção de espaços e coletivos culturais; assim como outras formas de articulação e ação que essa coletividade em formação for visualizando.