Uma biblioteca comunitária transpassa o espaço físico, visita lares, a imaginação do leitor, forma amizades e cria memórias como a deste sábado, 25, de visita na Univille. Saímos do bairro Itinga e fomos juntos até o outro lado da cidade. Metade da turminha já havia visitado a universidade, a outra metade não. O passeio, a diversão, o aprendizado e a visão de algo novo encantou. “Foi o melhor sábado da biblioteca”, ouvimos de uma das crianças. Porque, apesar de “fora” da biblioteca, foi com o espaço construído na comunidade que o passeio foi possível e com outros laços que se juntam no caminho, como foi a parceria com os cursos de Sistemas de Informação e Engenharia de Software da Univille.
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E sair da comunidade para conhecer outros espaços também é ser biblioteca comunitária, instigar a imaginação e fortalecer laços. As crianças também querem ganhar esse mundão, fazer memória em outros cenários. Importante lembrar, porém, que muitas vezes são impedidas por conta da falta de espaços de lazer, cultura e arte na periferia de Joinville.
No Itinga, um dos poucos espaços que se pode aproveitar o lazer é a Amorabi ou o campinho de futebol ao lado. Há outros, mas ainda são poucos. Imagine um bairro com várias opções de lazer e a quantidade de memórias de diversão que poderiam ser criadas tão pertinho de casa. Mas, essa não é a realidade hoje e, por isso, sair do bairro é algo tão importante para nossas crianças, conhecer outros lugares para brincar.
E, mesmo sob chuva, várias Amorabinhas se fizeram presente para pegar o ônibus e “viajar” até o outro lado da cidade para conhecer a Univille. Ao descer do ônibus, pegaram a bandeira da Biblioteca Comunitária Lutador Dito e empunharam em mãos, carregando com orgulho o espaço do qual fazem parte. No imaginário, a bandeira veio acompanhada de uma palavra: “protesto”. É isso que disseram ao andar com ela pelos corredores da universidade. O tom era de brincadeira, mas o contexto é real: pequenos sonhadores protestando para ocupar todos os espaços deste mundo.
Durante a manhã, mais surpresas. As crianças conheceram personagem mascote das Amorabinhas Digitais, projeto criado junto com os dois cursos da Univille. A partir de desenhos feitos por eles mesmos, a agência do curso de Publicidade e Propaganda criou a logo do projeto e o personagem. Este, ainda não tem nome, nem história e nem gênero, tudo ficará por conta da criação das próprias Amorabinhas. Nos próximos dias, voltamos para contar mais sobre esse personagem.
Ao mesmo tempo que desbravavam os corredores da Univille, as crianças ficaram com o desejo de conhecer a biblioteca da universidade que, diferente do espaço comunitário, fecha aos fins de semana.
E, por fim, o sábado foi marcado por brincadeiras entre os pequenos e os alunos dos dois cursos da Univille, que ao longo do ano estiveram presentes na Amorabi. Enquanto as crianças aprenderam sobre informática, os adultos aprenderam a ouvir as crianças. Com a experiência do primeiro semestre, as Amorabinhas fizeram apontamentos sobre o que gostavam ou não nas aulas. Com isso, os alunos e professores da Univille acolheram as opiniões e, junto com a biblioteca, pensaram um novo formato para o segundo semestre. Dali, surgiu uma conexão maior com as crianças, desde os ensinamentos até as brincadeiras, foi uma troca boa e todas as pessoas puderam aprender uns com os outros.
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E para todos que frequentaram a Amorabi neste ano, desejamos que para 2025 continuemos criando memórias juntos, momentos de diversão, muitos livros emprestados e sábados compartilhados dentre e fora do espaço físico da Biblioteca Comunitária Lutador Dito, mas sempre juntos.