Arte educadores e escola organizam ação de muralismo na EEEF Danilo Antonio Zaffari em Porto Alegre/RS

Por Repórter Popular RS

Neste última dia 09 de novembro de 2024, ocorreu uma ação de muralismo na EEEF Danilo Antonio Zaffari, Vila Farrapos em Porto Alegre/RS, quando artistas e educadores, em parceria com a direção e professoras, revitalizaram um muro afetado pelas enchentes de maio de 2024. A ação ocorreu enquanto a escola também realizava uma festa de halloween com intuito de arrecadar fundos para a formatura de alunas/os do nono ano, contando com grande participação da comunidade escolar.

Esse é o muro da escola com a pintura feita em 2020 e antes da enchente

Em 2020, um grupo de artistas já tinha produzido uma pintura no mesmo muro, que ficou deteriorado com as enchentes de maio deste ano. O convite da direção da escola para realizar essa ação chegou a um ex-aluno, que já havia participado da pintura em 2020. Assim nasceu essa construção, da articulação de alguns educadores e arte educadores em solidariedade à escola e apoio nas ações educativas. Os relatos da comunidade escolar indicam que há um  contexto de dificuldades estruturais, que já são velhas conhecidas da educação e mais ainda da educação estadual, e as enchentes pioraram a situação.

Um tempo depois da enchente, diante de algumas avarias na estrutura escolar, pessoas trabalhadoras da escola e comunidade escolar realizaram mutirões comunitários de reparos, ao que consta, por iniciativa própria e com pouco apoio do Estado, principalmente com auxílio de doações e materiais para o trabalho.

A parceria foi pensada num momento de celebração que a escola vivia: já que se aproxima a formatura das turmas do nono ano, estes organizaram uma festa de halloween, no sentido de arrecadar fundos. Nessa ocasião esta prevista a movimentação de familiares e toda a comunidade do entorno, então foi pensada essa oficina de muralismo.

Participantes contam que o movimento foi muito bonito, diversas pessoas se envolveram e participaram da atividade durante o evento, e ali puderam estabelecer um encontro formativo, envolvendo artes e coletivos, participação da comunidade junto à escola.

A ideia da arte foi pensada como uma proposta pedagógica de valorização da arte africana, aproveitando o ensejo de homenagem e memória do mês da Consciência Negra, trabalhando junto com as crianças esse tema. O estilo artístico que inspirou a arte é composto por técnicas gráficas ancestrais, misturas de cores e formas,  num estilo sul africano que é chamado Arte Ndebele e em homenagem à artista Esther Mahlangu.

Para o início da construção dessa ação arte educadores realizaram projeção de um documentário sobre a arte mencionada, em sala improvisada (visto que a escola está sem a sala de vídeos). A ação foi possível graças à doação de tintas dos próprios familiares e comunidade escolar.

O espaço foi preparado às 8:30 e às 9h começou a circulação e participação de alunas e alunos, direção e professoras/es, familiares e pessoas da comunidade do entorno da escola, contribuindo e participando a cada pouco; conversando e dialogando sobre a situação da escola, sobre a pintura, sobre arte.. A atividade encerrou por volta das 17h. Uma das artistas e educadoras fez o seguinte relato:

Houve participação de várias turmas, foi um espaço de muita troca. Algumas pessoas participaram de todo o processo, desde a concepção e introdução da arte, havia um modelo/projeto que depois foi aplicado ao muro. A festa já tinha acabado e continuamos no entorno com muita participação. Parece que a ação gerou um efeito de pertencimento do coletivo e comunidade escolar como um todo. Familiares acompanharam o processo pedagógico e ficaram felizes. Moradoras e moradores vieram conversar e se interessaram pela atividade. Apostamos nessas ações que envolvem a comunidade e queríamos contribuir na renovação, foi muito legal participar junto dessas pessoas.

Um integrante do projeto APAMPA Life também participou e fez um bonito registro da atividade, que tentou captar as etapas do processo. O vídeo acompanha a participação das crianças, artistas e demais envolvidos, mostrando o início até a obra final.

Esse tipo de ação, criada e pensada em coletivo e de forma independente, tem sentido de reparo e construção simbólica através da arte, simbolizando etapas e momentos (as enchentes…o mês da Consciência Negra), contribui nos processos de criar formas de pertencimento, e promove um  encontro de educação artística, coletiva e envolvendo toda a comunidade escolar.

Foto de capa: Coletivo APAMPA

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